A acusação do processo de Tancos ainda não é conhecida, mas o caso marcou o quarto dia da campanha eleitoral para as legislativas depois do envolvimento do nome do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já veio publicamente negar que foi informado sobre o alegado encobrimento na recuperação das armas furtadas e dizer que "não é criminoso".

Questionado pelos jornalistas à chegada a um almoço na Associação Cabo Verdiana de Lisboa, o secretário-geral do PS, António Costa, recusou-se a fazer qualquer comentário sobre eventuais desenvolvimentos do caso de Tancos, alegando que esse processo pertence à esfera da justiça.

"Isso é da justiça", respondeu António Costa.

Na Vidigueira, o presidente do PSD, Rui Rio, disse não ver qualquer envolvimento do Presidente da República no caso de Tancos e considerou “leviano” que se possa fazer essa tentativa.

“Eu acho que é leviano envolver o Presidente da República numa polémica destas, não o devemos fazer”, vincou.

Também o líder do PCP afirmou não ter quaisquer suspeitas relativamente à palavra de Marcelo Rebelo de Sousa.

"Ouvi declarações do Presidente da República a afirmar claramente que não tem a ver com qualquer situação menos clara. É a palavra do Presidente. Não tenho nenhuma razão para suspeitar", disse aos jornalistas Jerónimo de Sousa, à margem de uma visita à estufa de exploração de um pequeno produtor de cogumelos ‘shiitake’ no concelho Arcos de Valdevez, Viana do Castelo.

Durante uma visita ao Mercado de Benfica, em Lisboa, a coordenadora do BE também foi questionada e respondeu que a questão de Tancos "não deve ser um caso de eleições" porque "já decorre há bastante tempo", escusando-se a fazer qualquer especulação uma vez que a acusação ainda é desconhecida.

No distrito de Setúbal, onde o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) iniciou hoje a sua campanha oficial, o porta-voz do partido, André Silva, afirmou que o processo de Tancos "não deve entrar na campanha", escusando-se a criar "ruído" em torno de um caso que precisa de mais esclarecimentos.

Os jornalistas insistiram, mas a líder do CDS, Assunção Cristas, evitou qualquer comentário, tendo apenas respondido: “Nós estamos a tratar de eleições legislativas e não vou comentar mais este assunto”.

Quem hoje entrou na campanha foi o ex-líder do CDS-PP, Paulo Portas, que numa ação em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, ao lado dos candidatos pelo distrito João Almeida e António Carlos Monteiro, apelou à “concentração de votos” no partido para evitar “maiorias de esquerda radicalizadas”.

Em Lisboa, o partido Iniciativa Liberal defendeu uma taxa única de IRS (imposto sobre rendimento de pessoas singulares) de 15% e o partido Aliança afirmou que os privados devem ter "estímulos fiscais para poderem construir nas cidades", de forma a resolver os problemas ligados ao acesso à habitação a custos controlados.

Numa ação de campanha em Guimarães, o líder do Reagir - Incluir - Reciclar (RIR) disse que o partido vai fazer campanha “humilde” com “apenas 20 camisolas” por todo o país.