Num comício em Madrid para assinalar o arranque formal da campanha eleitoral das legislativas nacionais espanholas, Sánchez voltou a focar a sua mensagem na ameaça de a extrema-direita entrar no Governo.

Sánchez pediu o voto aos espanhóis que, como ele, viram como “um ‘trailer’ de um filme tenebroso” os recentes acordos entre o Partido Popular (PP, direita) e o VOX (extrema-direita) para formação de coligações em governos regionais.

“A todos peço uma confiança maioritária no próximo 23 de julho, para que Espanha continue a avançar quatro anos mais e não retrocedamos nem um passo em direitos e liberdades ou que trave o crescimento [económico]”, afirmou.

Sánchez considerou que nos últimos 20 dias, por causa dos acordos PP/VOX e a nomeação de dirigentes do partido da extrema-direita para instituições locais e regionais que são antivacinas e negacionistas da violência de género ou das alterações climáticas, houve um retrocesso de décadas em Espanha no discurso público.

Foram, afirmou, retrocessos de 10 anos nos direitos dos trabalhadores, de 20 anos nos direitos das pessoas LGBTI (lésbicas, gays, transexuais, bissexuais, intersexuais e outras), de 40 anos no respeito pelos diretos das mulheres e de 80 anos na “censura da cultura”.

Às críticas que tem ouvido da direita de que na última legislatura também negociou com partidos de extrema-esquerda e separatistas catalães e bascos, Sánchez respondeu que só fez acordos para aprovar leis que foram “avanços sociais” e não para “cortar direitos em troca de votos”.

Sánchez apresentou hoje, no comício de Madrid, o lema de campanha dos socialistas (“Em frente”) e disse que se apresenta a estas eleições com um balanço de quatro anos no Governo em que Espanha deixou de ter como maiores preocupações, segundo estudos de opinião, o desemprego, a corrupção no partido que estava no executivo (o PP) e o independentismo na Catalunha.

Passados quatro anos, Espanha é hoje um país “de convivência, livre de corrupção e que quer apostar pelo pleno emprego”, afirmou.

Espanha estará a partir da próxima meia-noite oficialmente em campanha eleitoral para as legislativas de 23 de julho.

As legislativas estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Pedro Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas eleições locais e regionais de 28 de maio.

As sondagens dão a vitória ao PP nas eleições, mas sem maioria absoluta, que poderá conseguir com uma coligação com o partido de extrema-direita VOX, repetindo acordos que já fez nos executivos regionais de Castela e Leão, Comunidade Valenciana e Extremadura.