Os habitantes de Morgade aproveitaram os atos eleitorais realizados este ano, em maio as europeias e hoje as legislativas, para protestarem contra a mina de lítio a céu aberto anunciada para a freguesia.

Os opositores à exploração mineira fizeram um “voto de protesto” que se traduziu numa elevada abstenção.

O presidente da junta, José Nogueira, disse à agência Lusa que exerceram o direito de voto sete pessoas, num total de 325 eleitores inscritos nesta freguesia, que agrega ainda as aldeias de Carvalhais e Rebordelo.

Nas europeias de maio votaram apenas quatro eleitores.

Pela manhã verificou-se uma tentativa de boicote em três mesas de voto das aldeias de Morgade, Cortiço e Arcos, no concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, no entanto a situação foi resolvida antes das 08:00, após a intervenção da GNR e de ter sido chamado um serralheiro para abrir as portas dos edifícios.

Durante o dia, alguns populares concentraram-se perto da sede da Junta de Freguesia Morgade e pela aldeia foram também colocados cartazes e tarjas de grande dimensão com a mensagem: “não à mina, sim à vida”.

Em março, o Estado assinou o contrato de exploração com a Lusorecursos relativo à exploração na mina do Romano (Sepeda) e, atualmente, a empresa está a elaborar o respetivo estudo de impacto ambiental (EIA).

“Nunca fomos ouvidos em todo este processo e não aceitamos que queiram construir uma mina ao lado das nossas casas que vai alterar completamente a nossa forma de vida. Não aceitamos que alguém em Lisboa decida que quer destruir parte das nossas aldeias e serras e a nossa qualidade de vida”, afirmou Armando Pinto, porta-voz da Associação Montalegre Com Vida.

Além da dimensão da cratera da mina, a população aponta preocupações relacionadas com os prejuízos ambientais, as consequências para a qualidade da água e do ar, os impactos sobre os solos ou sobre a classificação como Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Na aldeia próxima de Cortiço, freguesia de Cervos, alguns populares resolveram associar-se ao protesto e fizeram também um apelo à abstenção contra a mina.

Fonte da mesa de voto disse à Lusa que votaram 17 eleitores dos 137 inscritos.