Depois de almoçar com agricultores, Assunção Cristas e a caravana centrista da campanha para as legislativas de 06 de outubro foram a um campo em Alpiarça, onde um grupo seis trabalhadores, na maioria imigrantes da Índia (o português era o tratorista), estava a colher beringelas e ouvir o dono da exploração queixar-se da falta de mão de obra.

Poucos são os portugueses que querem ir fazer aquele trabalho, queixou-se Rui Cruz com uma frase em forma de pergunta: “Quem é que quer vir trabalhar aqui, ganhar 600 ou 700 euros se recebe o rendimento de reinserção?” Ao lado, debaixo do sol quente, junto à plantação, estava a líder do CDS que ouviu e fez perguntas.

Antes, Cristas esteve uns minutos a falar com os homens que faziam a colheita daquele fruto que, dali, ao invés de ir para os supermercados, segue para uma unidade de transformação, em Santarém.

Um dos trabalhadores, sorridente, e apesar de se perceber que não entendia bem o português e falar mais em inglês, ajudou-a a colher algumas beringelas que, depois, atirou para um dos cestos no trator numa espécie de lançamento de basquetebol – falhou duas e acertou outras tantas.

Só depois veio o discurso político, numa tarde dedicada à lavoura, a fazer lembrar os tempos da liderança de Paulo Portas.

Com a candidata a deputada por Santarém a seu lado, Patrícia Fonseca, a antiga ministra da Agricultura explicou que estava ali a “tomar conhecimento da realidade” quanto a uma cultura que “não é mecanizada” e que tem falta de mão de obra. E sublinhou a importância de os imigrantes que vem para Portugal “tenham direito a todas as condições de trabalho”, como acontece naquela exploração. Em quase 30, só “três ou quatro” são portugueses, segundo o agricultor.

E depois avançou com a ideia de alterar a lei – chumbada no parlamento, mas que continua no programa eleitoral do CDS - para que “jovens estudantes, do ensino superior ou dos últimos anos do secundário”, que queiram fazer “trabalho em part-time” ou “regime sazonal”, não sejam penalizados, nem eles nem as suas famílias.

Se um jovem trabalhar duas ou três semanas, “imediatamente o que receber entra para os impostos dos pais e imediatamente a família perde qualquer apoio social que tenha, seja abono de família ou ação social escolar”, disse a líder centrista, para quem a solução passa por isentar de impostos esses rendimentos esporádicos.

A pergunta foi saber se o CDS, além da beringela, também quer fazer a colheita dos votos dos indecisos para o dia 06 de outubro? A resposta de Cristas foi simples.

“Todos os dia temos esta missão que é explicar por que faz sentido votar no CDS, para valorizar o trabalho e, neste caso, para termos um regime de trabalho, sazonal ou em “part-time” ao longo do ano, que ajude os mais jovens a melhorar os seus rendimentos e das suas famílias sem serem tributados, sem as famílias perderem apoios e ajudando também à mão de obra na agricultura”, disse.

O dia de campanha do CDS terminou hoje mais cedo, a meio da tarde, dado que a presidente centrista é a convidada do programa “Gente que não sabe estar”, com Ricardo Araújo Pereira, na TVI.