"Há um problema incontornável. Estes trabalhadores vivem em contraciclo. Coisas tão simples como não poderem levar nunca os seus filhos à escola, ser limitado na vida política e social porque o horário de trabalho não o permite e as consequências para a saúde. O ser humano não existe para trabalhar à noite. Tem de trabalhar de dia e descansar à noite", afirmou o secretário-geral do PCP, numa sessão com trabalhadores, em Almada.

Jerónimo de Sousa enumerou depois as propostas da CDU como "a limitação do trabalho noturno e em regime de turnos de laboração contínua, bem como as compensações e melhorias das condições de trabalho nesses regimes, incluindo a antecipação da idade de reforma e a adoção de medidas de proteção e reparação idênticas às dos trabalhadores com profissões de desgaste rápido".

"Fixar o trabalho noturno no período entre as 20:00 e as 07:00, estabelecer um valor mínimo de 25% de subsídio de turno, mais um dia de férias adicional por cada três anos cumprido em regime de trabalho por turnos, manter o subsídio de turno ao cabo de 20 anos nesse regime ou a partir dos 55 anos de idade", são outras medidas defendidas por PCP e "Os Verdes".

O líder da intersindical e membro do Comité Central do PCP, Arménio Carlos, também defendeu o "direito ao horário de trabalho, articulação da vida profissional, pessoal e familiar e ao lazer".

"Acho que vale a pena refletir sobre se se justifica na nossa sociedade que aquilo que era uma exceção - o trabalho por turnos, um serviço prestado para dar resposta a necessidades fundamentais - se esteja a alargar e a generalizar a todos os setores de atividade, de uma forma cada vez mais brutal e insustentável. Na nossa opinião não se justifica porque estamos a ser confrontados com uma conceção economicista onde o lucro das entidades patronais e perspetiva da competitividade se sobrepõem sempre aos direitos individuais e coletivos dos trabalhadores", disse.

Segundo o secretário-geral da CGTP/IN, "a pretexto do aumento da produtividade, os rendimentos dos trabalhadores têm vindo a diminuir", pois "o peso dos salários e ordenados no Produto Interno Bruto (PIB) estava em 39% em 2001 e, chegamos a 2017, esse peso não atinge os 35%".

A caravana eleitoral da CDU seguiu depois para o edifício dos serviços operacionais da Câmara Municipal do Seixal, município presidido desde sempre por comunistas e onde se realiza anualmente a Festa do "Avante!".