“O que tem de ficar muito claro é que a responsabilidade de continuar a manter Miguel Albuquerque nos destinos do Governo [Regional] caberá inteiramente aos restantes partidos [CDS-PP, PAN e IL] que não quiseram que o JPP assumisse essa liderança e um novo programa para a Madeira”, disse o secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, numa conferência de imprensa, no Funchal.
Na segunda-feira, o PS, que elegeu 11 deputados nas eleições regionais de domingo, e o JPP, que aumentou a representação na Assembleia Legislativa de cinco para nove parlamentares, anunciaram um entendimento para constituir-se como alternativa governativa na Madeira e afastar o PSD da liderança do executivo.
Contudo, após ouvir os partidos com representação parlamentar, o representante da República, Ireneu Barreto, considerou que o projeto não tinha "qualquer hipótese de ter sucesso” e indigitou o líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, como líder do Governo Regional.
Assumindo o JPP como “um partido de governo e não de protesto”, Élvio Sousa salientou que tentou em conjunto com o PS “no dia a seguir às eleições, apresentar uma outra solução de governo, um projeto de transformação social da Madeira, cuja liderança foi da responsabilidade do JPP”.
Para Élvio Sousa, “era este o momento de mudar a Madeira, sob a liderança responsável de um partido da Madeira, o JPP”, que “colocaria o PSD, de Miguel Albuquerque e Jaime Filipe Ramos [presidente da bancada social-democrata na Assembleia Legislativa da Madeira] no banco dos suplentes, ao fim de 48 anos”.
Contudo, acrescentou, essa solução não teve o apoio do CDS-PP (que elegeu dois deputados) do PAN e da IL (que elegeram um parlamentar cada um), que assim “não quiseram, e como tem sido público, desejam que Miguel Albuquerque continue a governar”.
“Temos nove deputados, tentámos, e como sempre afirmámos durante a campanha, caso a população nos desse mais força, seríamos uma solução”, insistiu, revelando que “a conversa com o PS para o JPP liderar um novo governo, sem o PSD”, começou às 08:00 e acabou à meia -noite de segunda-feira.
“Desde então, cada qual foi à sua vida”, sublinhou, criticando os partidos que “correram logo a guardar lugar na cadeira ou a proteger os interesses instalados durante estes longos 48 anos”.
Nas eleições regionais de domingo, o PSD voltou a ser o partido mais votado, elegendo 19 deputados, mas falhou mais uma vez a maioria absoluta (precisava de assegurar 24 dos 47 lugares do parlamento).
Posteriormente, o PSD/Madeira celebrou um acordo parlamentar com o CDS-PP.
As eleições antecipadas na Madeira ocorreram oito meses após as anteriores legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
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