Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo considerou que o resultado “muito positivo” da CDU, “com mais votos, mais percentagem, a confirmação da representação parlamentar”, é “expressão do reconhecimento do valor da intervenção em defesa dos trabalhadores e do povo na região da Madeira”.

“Uma intervenção que se sobrepôs às campanhas de menorização da CDU e da confiança que conquistou com o seu trabalho de todos os dias junto do povo e dos trabalhadores”, afirmou.

Paulo Raimundo considerou que o resultado da CDU foi construído apesar da “imensa disparidade de meios, e uma injustificada discriminação no plano nacional e local”.

O secretário-geral do PCP defendeu ainda que a não obtenção da maioria absoluta pela coligação PSD/CDS constituiu “uma derrota indisfarçável que, independentemente dos arranjos institucionais que se venham a fabricar para tentar prosseguir o rumo desastroso da região, não pode ser iludida”.

“Uma derrota que, muito para lá da expressão eleitoral que a CDU obteve, tem, no seu contributo, na sua ação de denúncia, de intervenção permanente eleitoral ao lado do povo e dos trabalhadores, teve em si mesmo um fator essencial de erosão do apoio social e eleitoral do PSD e do CDS”, afirmou.

No que se refere ao resultado do PS, o dirigente do PCP considerou que, no essencial, a “excessiva perda eleitoral” confirma “a descredibilização resultante da confirmada ausência de opções distintas da atual maioria regional”, assim como de um “confirmado sentimento de desperdício e inutilidade sentida por milhares de eleitores” que tinham votado nos socialistas há quatro anos.

Já sobre a estreia do Chega e da IL na Assembleia Legislativa da Madeira, Paulo Raimundo considerou que se deve à “projeção mediática da sua mensagem demagógica e populista”, que conseguiu “ocultar a sua corresponsabilidade política nas opções de fundo que são a causa dos problemas e das dificuldades dos trabalhadores e do povo”.

“É de uma outra política que a região precisa, uma política que tem na CDU a mais coerente e a mais sólida expressão e que dá garantias de um posicionamento determinado pelo compromisso que afirmou sempre, e desde sempre, com os trabalhadores e com o povo”, afirmou.

Questionado se considera que estas eleições regionais podem ter uma leitura nacional, o secretário-geral do PCP considerou que sim, afirmando que a perda de maioria absoluta do PSD/CDS é um “sinal de desalento”, e projetando igualmente o resultado socialista para o plano nacional.

“A perda expressiva de eleitoral do PS expressa em si mesmo as opções erradas feitas na Madeira, mas também um caminho que o próprio Governo da República está a desenvolver que, manifestamente, não responde aos problemas das pessoas”, disse.

Já interrogado se considera este resultado positivo, uma vez que foi a primeira eleição que disputou desde que tomou posse como secretário-geral do PCP, em novembro de 2022, Paulo Raimundo respondeu: “Estou pessoalmente muito satisfeito, não necessariamente por ser as primeiras eleições como secretário-geral, mas pelos resultados muito positivos que têm, acima de tudo, um valor importantíssimo para o povo da Madeira”.

A CDU elegeu hoje um deputado para a Assembleia Legislativa da Madeira, mantendo a representação que tinha desde 2019, mas conseguiu mais votos, 3.677, cerca de 2,7 %. Em 2019, obteve 2.577 votos.

Há quatro anos, os sociais-democratas perderam pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976 e formaram um governo de coligação com o CDS-PP.

Edgar Silva: “O dr. Miguel Albuquerque sai a rastejar destas eleições"

O coordenador do PCP/Madeira e cabeça de lista da CDU (PCP/PEV), Edgar Silva, afirmou esta noite que o social-democrata Miguel Albuquerque, que venceu as eleições regionais sem maioria absoluta, “sai a rastejar” e sem “credibilidade política”.

“O dr. Miguel Albuquerque sai a rastejar destas eleições. Sai do ponto de vista político sem pinga de credibilidade política, depois do que disse e depois da artimanha que agora engendrou para justificar a sua perpetuação no poder”, declarou o deputado comunista eleito à agência Lusa.

Edgar Silva falava na sequência de declarações do líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, durante a campanha de que não iria governar se não obtivesse maioria absoluta nas eleições de domingo.

No entanto, após os resultados oficiais provisórios que deram uma vitória à coligação PSD/CDS-PP mas sem maioria absoluta (43,13%), Miguel Albuquerque anunciou que está em condições de apresentar nos próximos dias um governo com estabilidade.

Relativamente à votação obtida pela CDU, que conseguiu eleger um deputado, mantendo a representação que tinha desde 2019, mas conseguindo mais votos, Edgar Silva considerou tratar-se de um “resultado muito importante”.

“Lamentamos mas conseguimos desiludir todos aqueles que estavam a vaticinar um desaparecimento da CDU. Ao contrário daquilo que se apontava, a CDU conseguiu crescer em massa eleitoral e esteve a caminho da eleição do segundo deputado. Portanto, nós avaliamos, neste contexto, o resultado alcançado como particularmente importante”, sublinhou.

A coligação PSD/CDS-PP venceu esta noite as eleições legislativas regionais da Madeira, mas falhou por um deputado a maioria absoluta, quando estão apuradas todas as freguesias, segundo dados oficiais provisórios.

De acordo com informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, a coligação PSD/CDS-PP obteve 43,13% dos votos (58.399 votos) e 23 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados.

Há quatro anos, o PSD elegeu 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinha desde 1976, e formou um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados).

A segunda força política mais votada esta noite foi o PS, com 21,30% dos votos e 11 mandatos, quando há quatro anos tinha conseguido 36,59% dos votos e 19 mandatos.

O JPP passou de três para cinco mandatos, enquanto a CDU conseguiu manter o deputado único que tinha.

No hemiciclo regional haverá duas estreias – o Chega com quatro deputados e Iniciativa Liberal com um deputado – e o Bloco de Esquerda e o PAN regressam à Assembleia Legislativa Regional também com um deputado.

O representante da República para a Madeira tenciona ouvir os partidos entre quarta-feira e quinta-feira, na sequência das eleições regionais que decorreram hoje, antes de convidar o líder do PSD/Madeira a formar governo.