"O investimento é privado, o investidor esconde-se atrás de sociedade anónima, não sabemos quem é, mas notamos que os governantes andam muito entusiasmados com a ideia", afirmou Paulino Ascensão, na Ribeira Brava, zona oeste da Madeira, localidade escolhida pelo Bloco de Esquerda para iniciar a campanha eleitoral.
Existem já várias infraestruturas de piscicultura no mar da costa sul da ilha da Madeira, nomeadamente entre os concelhos da Ribeira Brava e da Calheta, uma atividade que os bloquistas classificam como "rapinagem dos recursos naturais”.
"A matéria-prima vem de fora, não tem efeito de contágio na economia local, os próprios peixes são importados, o produto final é maioritariamente encaminhado para o mercado externo e os lucros também vão para esses tais investidores que não sabemos quem são", disse Paulo Ascensão.
O cabeça de lista do BE considera que o efeito daquela atividade na economia local é "diminuído", porque a operação é "quase toda automatizada" e o emprego gerado é "muito pouco".
"O que fica, a consequência para todos nós, é o mar intoxicado, o mar envenenado, essa é a consequência mais significativa", afirmou, realçando também que as taxas cobradas pelo uso do domínio público "não são significativas".
Paulino Ascensão referiu que a piscicultura é exemplo do modo como o executivo regional, liderado pelo PSD desde 1976 e sempre com maioria absoluta, conduz a região autónoma.
"Isto é um exemplo da marca deste Governo Regional, que aposta em atividades de rapinagem, que criam lucros milionários para alguns e que não criam emprego, não beneficia a maior parte da população", disse.
E depois apontou outros casos: "Temos a rapinagem nas ribeiras, com a extração de inertes; temos a zona franca, que é um foco de lucros de milhões para o Grupo Pestana, temos as concessões [rodoviárias] via-litoral e via-expresso, que dão 80 milhões de lucros por ano e que vão para o bolso dos grandes empreiteiros”.
O cabeça de lista do BE destacou que é importante "mudar esta visão" e criar uma governação "para todos".
"É preciso mudar este rumo, é preciso ter medidas para valorizar a pesca, para aumentar o rendimento dos pescadores, para aumentar os recursos pesqueiros", vincou, sublinhando que é necessário criar atividades que "multipliquem o emprego e multipliquem a riqueza na economia regional".
As eleições regionais legislativas da Madeira, onde os sociais-democratas governam com maioria absoluta, decorrem em 22 de setembro, com 16 partidos e uma coligação a disputar os 47 lugares no parlamento regional: PDR, CHEGA, PNR, BE, PS, PAN, Aliança, Partido da Terra-MPT, PCTP/MRPP, PPD/PSD, Iniciativa Liberal, PTP, PURP, CDS-PP, CDU (PCP/PEV), JPP e RIR.
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