Contactada pela Lusa em vésperas da campanha para as legislativas regionais de 22 de setembro, a professora de Ciência Política na Universidade de Aveiro, que há 10 anos estuda o percurso político da Madeira, disse que o eleitorado madeirense é muito participativo, porque as eleições do arquipélago têm sempre taxas de participação de mais de 50%.

Por isso mesmo, considera que não se pode dizer que os sucessivos governos regionais resultem de uma “escolha diminuída”.

“Se a soberania está no povo, o povo tem escolhido”, afirmou.

Questionada sobre os motivos de o mesmo partido permanecer tanto tempo no poder (o PSD governa a região desde as primeiras eleições democráticas, em 1976), a investigadora apontou motivos históricos, culturais e da dinâmica das instituições regionais.

“São circunstâncias históricas, culturais e sociológicas que têm vindo a explicar este tipo de padrão. Temos uma estrutura de administração pública muito pesada que sustenta grande parte da população empregada na Madeira e um eleitorado das ilhas muito conservador, devido à sua história, àquilo que foi o seu processo de democratização e a sua história antes do 25 de Abril”, afirmou.

“Há aqui uma herança muito pesada, histórica e cultural, que vem contribuindo e vem explicando estes fatores de longos períodos de incumbência do mesmo partido, neste caso, até do mesmo líder, no poder”, acrescentou, referindo-se a Alberto João Jardim, que liderou o executivo durante quase quatro décadas.

Afirmando que a “expectativa de mudança tem sido galvanizada”, a professora lembrou que o próprio secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, já admitiu que quer vencer as eleições na Madeira.

“Os esforços estão todos orientados e canalizados, a campanha está na rua, mas a decisão final é do eleitor”, sublinhou.

A investigadora referiu que em 2015, com a saída do líder histórico Alberto João Jardim, foi criada alguma expectativa de alternância política.

“Ainda assim, os eleitores não quiseram ou não acharam que esse seria o momento”, frisou.

A mais recente sondagem para as eleições na Madeira foi realizada pela Eurosondagem em julho de 2019 e aponta para um empate técnico entre PSD e PS: 27,4% para os sociais-democratas (18/19 mandatos) e 26,3% para os socialistas (17/18 mandatos).