Com duas horas de atraso, devido ao baixo aumento do número de novos casos de infeção pelo novo coronavírus, que obrigaram a uma nova revisão de todas as entradas no sistema, a introdução da ministra da Saúde após apresentar o boletim foi curta, saltando-se quase diretamente para as questões dos jornalistas. Logo na primeira pergunta, o tema da ordem do dia foi lançado: as celebrações religiosas do 13 de Maio em Fátima. Afinal, e depois de no sábado Marta Temido, em entrevista à SIC, ter dito que as celebrações são “uma possibilidade”, desde que sejam uma opção dos organizadores e cumpridas as regras sanitárias, qual é o ponto da situação?

"Não se confundam celebrantes com peregrinos", disse a ministra.

"Deixe-me ser muitíssimo clara sobre aquilo que foi ontem a minha intervenção; todos sabem que a Igreja Católica já há muito decidiu, e com grande prudência, que este ano não haveria peregrinos no Santuário de Fátima. Por decisão da Diocese de Leiria-Fátima as celebrações iriam ter lugar dentro da Basílica e seriam transmitidas televisivamente. Em articulação com as autoridades eclesiásticas iremos utilizar os mecanismos que uma das últimas resoluções de Conselho de Ministros prevêem — estou a falar da resolução de Conselho de Ministros número 33 A 2020 — que, no seu artigo 18º, explicita que os membros do Governo responsáveis pelas áreas da Administração Interna e da Saúde podem, conjuntamente, autorizar a realização de determinadas celebrações ou eventos”, explicou Marta Temido.

A ministra insistiu que aquilo que ontem quis deixar claro foi a "diferença entre peregrinos e celebrantes". "Nós estamos obviamente totalmente disponíveis para apoiar a Igreja Católica ajudando à definição daquilo que sejam as regras específicas para essas celebrações, mas não se confundam celebrantes com peregrinos. Da mesma forma que noutros contextos nenhum evento aconteceu da exata forma como tinha acontecido antes. Penso que estará clara a ideia de que não há aqui nenhuma situação diferente daquela que estava prevista e prudentemente definida pela nossa Igreja".

Em 06 de abril, o Santuário de Fátima anunciou que a Peregrinação Internacional Aniversária de maio será este ano celebrada sem a presença física de peregrinos, devido à Covid-19, mas que se mantêm as principais celebrações.

Apesar de esta peregrinação não poder ser vivida nos moldes habituais, vão realizar-se "as principais celebrações na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que serão presididas pelo cardeal D. António Marto e transmitidas pelos meios de comunicação social e digital", explicou.

No entanto, depois da entrevista de ontem de Marta Temido, o Santuário de Fátima enviou um comunicado em que confessou ter sido "apanhado de surpresa pelas declarações do Governo", estando “a reunir todos os elementos para tomar uma posição" sobre as celebrações religiosas de 12 e 13 de Maio em Fátima.

O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, também se pronunciou defendendo a manutenção da suspensão das celebrações comunitárias, alertando que o fim do estado de emergência não significa o fim da pandemia de covid-19 nem do perigo de ela alastrar.

Portugal regista hoje 1.043 mortos relacionadas com a covid-19, mais 20 do que no que sábado, e 25.282 infetados (mais 92), segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (25.282), os dados da Direção Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 92 casos do que no sábado (25.190), representando uma subida de 0,4%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (597), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (210), do Centro (209) Algarve (13), dos Açores (13) e do Alentejo que regista um caso, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sábado, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.