Cerca de uma centena de tratores continuam também nas ruas de Barcelona, depois de na quarta-feira perto de dois mil veículos destes terem entrado no centro da cidade, a segunda maior de Espanha.
Dois grupos de 50 tratores mantiveram bloqueadas durante toda a noite duas das avenidas centrais da cidade (Diagonal e Gran Vía) e de manhã parte deles iniciou uma marcha lenta até ao parlamento regional, onde os agricultores foram recebidos por partidos e pela presidência da assembleia.
Na quarta-feira, os representantes dos agricultores forma também recebidos pelo presidente do governo regional da Catalunha, Pere Aragonès, depois de perto de dois mil tratores terem feito uma marcha lentas pelas estradas da região, até chegarem ao centro da cidade, provocando filas de trânsito de dezenas de quilómetros durante o dia.
Segundo as autoridades de trânsito espanholas, hoje continua a haver congestionamentos em alguns acessos a Barcelona e dezenas de estradas, incluindo autoestradas, estão bloqueadas ou com perturbações também nas regiões de Navarra, Comunidade Valenciana, Castela e Leão, Castela La Mancha, Andaluzia e Extremadura.
Neste terceiro dia de protestos por todo o território de Espanha, há menos grandes vias, para já, cortadas, segundo as informações das autoridades.
Nos dois dias anteriores, as manifestações bloquearam também acessos a centros logísticos, como portos no mediterrâneo.
As forças de segurança detiveram na terça-feira 12 pessoas e identificaram mais de 2.500 nas manifestações.
Os protestos de terça e quarta-feira não foram, na sua maioria, comunicados às autoridades e ocorreram à margem da organização das grandes confederações agrícolas de Espanha.
As confederações anunciaram também um calendário de manifestações para as próximas semanas, que arrancam hoje, com concentrações convocadas para diversos pontos de Espanha, nas regiões de Castela La Mancha, Aragão e Castela e Leão).
Não há, até agora, registo de bloqueios de estradas de ligação a Portugal.
A Federação Nacional de associações de Transporte de Espanha disse na quarta-feira, num comunicado, que 80 mil camiões já sofreram o impacto dos protestos dos agricultores nos dois primeiros dias de manifestações, por terem sido bloqueadas, de forma permanente ou por algum período de tempo, autoestradas circulares em torno de Madrid e as que fazem a ligação de regiões centrais com os portos do Mediterrâneo.
Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, saíram à rua nas últimas semanas para exigir a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia e mais apoios para o setor.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, reiterou hoje o compromisso do Governo de Madrid em simplificar a PAC e facilitar a adaptação das normas europeias.
Pedro Sánchez revelou ainda a intenção de rever a Lei da Cadeia Alimentar, para aumentar os ganhos dos agricultores, e de aplicar o princípio da reciprocidade relativamente às exigências de qualidade e produção às importações de países terceiros.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Por outro lado, na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a retirada da proposta da instituição visando reduzir para metade o uso de pesticidas na agricultura até 2030, parte central da legislação ambiental europeia, que é também um dos alvos dos protestos dos agricultores.
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