Nas grandes estações parisienses, até os comboios de alta velocidade sofreram: nem partidas nem chegadas "antes do início da tarde", alertou a companhia ferroviária nacional SNCF.

Em Paris, a maioria das estações de metro está fechada e apenas as duas linhas automatizadas, que operam sem condutor, e um dos acessos ao aeroporto de Orly circulavam normalmente. As outras 14 linhas seguem fechadas e o comboio suburbano RER opera em apenas alguns trechos.

É um cenário incomum para turistas e também para alguns grevistas. "Em circunstâncias normais, nunca descansamos dois dias no Natal (...) normalmente passamos um dos dois longe da família e dos amigos", disse Raffi Kaya, maquinista e militante do grupo sindical SUD, que participa de um "banquete" em Paris.

Estes "banquetes de Natal", que foram organizados em várias partes de França por iniciativa sindical para "manter a chama viva", permitem encontros entre sindicalistas e grevistas de diferentes regiões.

Sob a árvore de Natal dos grevistas, vários cheques de solidariedade foram depositados e, na terça-feira, o sindicato Info'Com-CGT deu aos trabalhadores da RATP um cheque de 250.000 euros do seu fundo de solidariedade.

A próxima data importante para os grevistas será no sábado, 28, com um dia de ações descentralizadas convocadas em todo o país.

A reforma do sistema de pensões visa fundir os 42 regimes de pensões existentes num sistema "universal" e, em particular, abolir os "regimes especiais", incluindo os da RATP (metro de Paris) e da SNCF (sistema ferroviário), que permite que os seus funcionários se reformem antes da idade mínima em comparação com os outros.

O próximo encontro dos aliados sociais contra o Executivo está prevista para 7 de janeiro, início de uma série de reuniões temáticas planeadas antes da apresentação de um projeto de lei no Conselho de Ministros, em 22 de janeiro.

Sem tréguas e com um governo de férias, será que a greve durará até o Ano Novo?

"Quando já perdermos 20 ou 25 dias de salário, não vamos parar agora só porque é Ano Novo", disse na terça-feira o secretário-geral do sindicato de ferroviários, Laurent Brun, em entrevista ao jornal L'Humanité.

Os professores também podem participar na greve no início do ano, bem como algumas profissões liberais que possuem regimes autónomos, reagrupadas num coletivo chamado SOS Retraite, que convocou uma greve em 3 de janeiro. Entre os convocados estão médicos, advogados, pilotos e comissários de bordo.