O Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla em inglês) da ONU disse na sexta-feira temer que a fome sentida anteriormente no norte de Gaza regresse, mas agora ao sul do enclave palestiniano, numa altura de elevadas temperaturas.
Num comunicado, o WFP sublinhou que atualmente um milhão de pessoas, expulsas da cidade de Rafah pela ofensiva israelita, se encontram “numa zona muito congestionada junto à praia, sob o calor escaldante do verão”.
“O número de vítimas civis é devastador e a persistência de um ambiente operacional hostil torna quase impossível às operações humanitárias entregar a ajuda alimentar desesperadamente necessária”, lamentou o vice-diretor executivo da agência.
“Os funcionários [do WFP] passam cinco a oito horas por dia à espera nos postos de controlo (…). Também enfrentamos saques e violência no meio de um grande vácuo de segurança”, alertou Carl Skau.
As declarações surgiram após uma visita de três dias à Cisjordânia, Gaza e Jerusalém, onde o dirigente se reuniu com funcionários, organizações parceiras e cidadãos palestinianos.
Também na sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ter ficado alarmada com o agravamento da crise sanitária na Cisjordânia, devido às restrições, violência e ataques contra infraestruturas médicas.
Num comunicado, a agência da ONU apelou à “proteção imediata e ativa dos civis e do sistema de saúde na Cisjordânia”.
Desde o início da guerra entre Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em 07 de outubro, 521 palestinianos, incluindo 126 crianças, foram mortos e mais de 5.200, incluindo 800 crianças, ficaram feridos na violência na Cisjordânia. observou a OMS.
A Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, estima que pelo menos 545 pessoas foram mortas por tropas ou colonos israelitas desde 07 de outubro.
O afluxo de feridos aumenta “o fardo crescente de traumas e cuidados de emergência em estabelecimentos de saúde já sobrecarregados” e que só podem funcionar a 70% da capacidade por falta de dinheiro, lamentou a OMS.
Com Israel a reter uma parte do imposto que cobra aos palestinianos, os funcionários de saúde receberam “apenas metade dos seus salários durante quase um ano e (…) 45% dos medicamentos essenciais estão esgotados”, denunciou a agência.
A maioria dos hospitais em Gaza foram destruídos ou fortemente danificados e a OMS também registou 480 ataques a instalações de saúde ou ambulâncias na Cisjordânia até 28 de maio, que deixaram 16 mortos e 95 feridos.
O acesso aos cuidados de saúde tornou-se ainda mais complicado devido ao encerramento de pontos de passagem entre Israel e a Cisjordânia, a crescente insegurança e o bloqueio a aldeias inteiras, referiu a organização.
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