As autoridades de saúde do território têm atualmente 300 mil vacinas para distribuir, mas só 42 mil pessoas se inscreveram. Esse é o caso de Shen, que fala à Lusa enquanto atravessa o Largo do Senado: “Agora não tenho intenção de tomar a vacina, não me inscrevi, mas vou considerar no futuro”.

“Acho que não é necessário tomar a vacina neste momento, estou a esperar para ver qual é o efeito após a vacina”, justificou a residente desta região administrada especial chinesa que iniciou o plano de vacinação contra a doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, a 09 de fevereiro.

Macau tem em mãos uma oferta muito maior do que a procura: existem mais de 600 mil doses de vacina, suficientes para inocular mais de 300 mil pessoas de forma gratuita, tem um programa de marcação ‘online’ prático com vários horários à disposição, mas até quinta-feira pouco mais de 42 mil pessoas tinham feito o agendamento e apenas cerca de 18.000 foram inoculadas com a primeira dose.

Tal como Shen, a vendedora de fruta Chan conta à Lusa que não tem pressa para ser inoculada: “Vou receber a vacina depois, não tenho intenção de tomar vacina neste momento, estou a esperar”.

Assim como a maioria das pessoas que conhece esperam só mais tarde tomar a decisão.

“Estou grávida, por isso, não posso receber vacina, se tiver oportunidade depois, quero fazer vacina também. Há um, dois membros da minha família estão a considerar receber vacina, mas também ainda não se inscreveram, porque querem observar a reação”, disse Jéssica, amiga de Shen, que também prefere esperar para ver.

Já Sam, 71 anos, quer ser inoculado, mas não sabe se pode porque diz ter que consultar o médico. “Se não tiver problema de saúde, também vou receber a vacina. Porque é um grande avanço tecnológico, as pessoas da pátria e do mundo já experimentaram a vacina”, frisou.

“Para vencer esta doença, é preciso receber a vacina”, sublinha.

A falta de pressa dos residentes de Macau em tomar a vacina prende-se mais com o facto de se sentirem seguros (Macau não registou qualquer morte entre os 48 casos detetados desde o início da pandemia de covid-19), pois todos os inquiridos pela Lusa demonstraram confiança no plano e nos esforços do Governo local.

No dia em que Macau iniciou a vacinação contra a covid-19, as principais figuras da administração deram o exemplo numa mensagem clara: a vacina é segura e todos a devem tomar para criar uma barreira imunitária.

“Proteger-se a si mesmo, proteger a família, proteger Macau”, deu o mote a secretária para Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, minutos antes de tomar a vacina.

O objetivo, é “criar uma barreira imunológica da sociedade, proporcionando uma maior proteção à vida e à segurança da população”, cabendo ao Governo mostrar a confiança junto do público.

O Governo de Macau tem tentando apelar os residentes que se vacinem em várias mensagens públicas: “Estamos a tentar atrair a população a vacinar” através de serviços e marcações facilitadas”, observou no início da semana o médico Lo Iek Long, dos Serviços de Saúde.

Neste momento, como o território não tem casos comunitários a população não tem pressa, parte da população está a esperar para ver como decorre a situação e não se “atrevem a serem os primeiros a experimentar”, justificam assim as autoridades.

“Claro que, como profissionais de saúde, gostaríamos de ver mais residentes vacinados”, admitiu, o médico Lo Iek Long, dos Serviços de Saúde.

Num esforço para que mais pessoas sejam inoculadas, os serviços públicos e os operadores de jogo (os dois setores que, de longe, mais empregam pessoas em Macau) têm procurado promover a vacinação coletiva entre os funcionários.

O agendamento pode ser feito durante o horário de trabalho e até existem operadores de jogo a oferecer dias extra de descanso.

De todas as pessoas inquiridas pela Lusa entre as Ruínas de São Paulo e o Largo do Senado, no coração de Macau, apenas Tony Lei de 33 anos, estudante de português no Instituto Português do Oriente, disse ter já tomado a vacina.

“Já recebi a primeira dose de vacina no dia 23 de fevereiro, vou receber a segunda dose de vacina no dia 23 de março”, disse.

“Recebi a vacina da China, achou que como uma pessoa de Macau, devo tomar a vacina chinesa e tenho grande confiança”, afirmou.

Na mesma linha, a funcionária do templo Linyan, a macaense Wai, disse que ainda não tomou a vacina, mas a tomar será a chinesa: “tenho confiança com as vacinas, porque é da China”.

A população, 683 mil residentes, pode escolher entre as vacinas da farmacêutica chinesa Sinopharm e da BioNtech e AstraZeneca, esta última ainda não chegou ao território.

Ao todo ao todo vão chegar a Macau cerca de 1,5 milhões de vacinas.

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