A contabilização dos manifestantes, avançada pela polícia e por câmaras municipais, fica, no entanto, muito aquém das duas anteriores manifestações contra a reforma do sistema de pensões, já que no primeiro dia — 5 de dezembro — se juntaram 800 mil pessoas e no segundo — a 11 de dezembro — foram contabilizados 340 mil manifestantes.
Ainda assim, a greve geral convocada para hoje por todos os sindicatos conseguiu fechar escolas, pôr hospitais a funcionar a meio gás e manter os transportes públicos paralisados.
A contestação à proposta de reforma do sistema de pensões tem aumentado nas últimas duas semanas, com a pressão sobre o Governo e o Presidente a crescer.
Na segunda-feira, o alto-comissário francês que idealizou a reforma do sistema, Jean-Paul Delevoye, demitiu-se na sequência de acusações de conflito de interesses por ter omitido outras funções que acumulava.
De acordo com a imprensa francesa, Delevoye “esqueceu-se” de incluir na sua declaração de interesses apresentada à Alta Autoridade para a Transparência da Vida Política que é administrador do principal Instituto de Formação na área das seguradoras, setor que elogiou a reforma das pensões por si arquitetada.
A reforma do sistema de pensões tornou-se um projeto-emblema do Presidente francês, Emmanuel Macron, apesar de criticada pelos sindicatos de todos os setores.
A reforma, inicialmente apresentada em julho deste ano, tem como principal intuito criar um sistema universal de pensões, já que existem atualmente 42 sistemas diferentes, vários dos quais representam regimes especiais que permitem, por exemplo, deixar de trabalhar mais cedo.
A manifestação está a ser “um grande sucesso”, considerou Philippe Martinez, líder do sindicato CGT, que exige — em conjunto com outros quatro sindicatos – a retirada definitiva do projeto.
O primeiro-ministro, Édouard Philippe, reafirmou, no entanto, a sua “total determinação” em realizar a reforma.
“A minha determinação e a do Governo é absoluta” relativamente à “criação de um regime universal [de pensões] e a fazer prevalecer o equilíbrio do sistema futuro e a restauração do equilíbrio do sistema atual”, garantiu hoje aos deputados.
Édouard Philippe irá receber os sindicatos na quarta e na quinta-feira, sendo que os dirigentes sindicais vão reunir-se hoje à noite para decidir o que pretendem fazer a seguir para protestar contra o projeto.
Em dia de greve geral, os trabalhadores dos transportes cumprem o 13.º dia de paralisação, que deverá durar até ao final do ano.
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