As estradas portuguesas passam hoje a contar com 37 novos radares, dos quais doze são de controlo da velocidade média, numa medida que a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) espera ver refletida na diminuição de acidentes e mortes.O investimento ronda os 6,2 milhões de euros, com a ANSR a investir 5,8 milhões. No total, serão 98 radares por todo o país.
“O número de radares em Portugal ainda é diminuto face ao normal na Europa e sobretudo nos países onde a sinistralidade é, para nós, uma referência, como é o caso da Suécia. Temos muito poucos radares por milhão de habitantes, é um número insuficiente face ao que é normal nos países da Europa”, refere o presidente da ANSR, continuando: “Não sei quando, mas, provavelmente, num futuro próximo teremos uma nova ‘leva’ de radares”, afirmou Rui Ribeiro, em declarações à LUSA.
Em Portugal, os radares de velocidade média são considerados como elementos fundamentais nas novas estratégias de controlo e redução da sinistralidade rodoviária. Ao contrário dos radares de velocidade instantânea, que existem há já vários anos e que rendem aos cofres das autarquias, e do Estado, milhões de euros em multas.
Por exemplo, a Câmara Municipal de Lisboa divulgou os números relativos aos radares de velocidade instantânea, que reportam apenas ao período de um ano (2022-2023).
Desde junho de 2022 a junho de 2023, 20 novos radares de velocidade foram instalados e entraram ao serviço da CML, juntando-se aos radares mais antigos que, entretanto, foram modernizados. O número total de radares na capital ficou nos 41.
Com este aumento de dispositivos, aumentou também o número de infrações. Nestes doze meses foram detetadas 363.942 infrações de velocidade, uma média de cerca de 109 infrações diárias. Tudo isto deu um resultado de 8,2 milhões de euros, sendo que este valor é repartido por três entidades: CML (4,5 milhões de euros), a Autoridade Tributária (2,8 milhões de euros) e 800 mil euros para a ANSR.
Sobre os novos radares de velocidade média, enquanto nós, por cá, estamos a aumentar estes dispositivos pelas estradas nacionais, outros países estão a descontinuá-los. É o caso da França.
O governo francês anunciou recentemente que vai deixar de utilizar esta solução. E que, em sua substituição, vai regressar aos convencionais radares fixos, que medem apenas a velocidade instantânea.
Os radares de velocidade média controlam a velocidade a que os condutores circulam em determinado percurso, medindo o tempo que um veículo demora a percorrer a distância do radar A ao radar B.
Na França, estes sistemas de velocidade média existem desde 2012, quando começaram a ser instalados em várias regiões do país gaulês.
O governo francês diz que a única razão refere-se apenas aos elevados custos de manutenção deste sistema. E que, por causa disso, muitos deles permanecem desligados na maior parte do tempo.
À explicação do governo, a associação francesa de defesa dos automobilistas refere outro motivo: a falta de rentabilidade destes radares. Segundo esta associação, os radares de velocidade média detetam por ano e por unidade cerca de 5000 veículos em infração. Um valor bem mais reduzido face aos radares fixos, que se aproximam dos 14 mil veículos por ano e por unidade.
Para Phillippe Nozière, da associação francesa de defesa dos automobilistas, a retirada destes aparelhos é a demonstração de que a motivação das autoridades é meramente financeira: “(os radares) não estão lá para garantir a segurança dos condutores na estrada, mas sim para ir aos bolsos dos condutores.”
De notar que a população estimada em França é de 68,1 milhões de habitantes, isto para fazer notar que existem muitos mais carros do que em Portugal, que conta com uma população estimada de 10,4 milhões de habitantes. Agora é esperar para perceber se os novos radares vão reduzir "o número de acidentes com vítimas". A ANSR estima que "em 36% as vítimas mortais diminuíram 74%. Há uma clara correlação entre a existência de radares, a diminuição da velocidade e a sinistralidade. O que esperamos é que estes radares contribuam também para salvar as vidas das pessoas que circulam nas nossas estradas".
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