Moura falava durante um seminário sobre a campanha “Empresas + Emprego”, uma iniciativa apoiada pela União Europeia e pelo Governo português, através do instituto Camões, para o estímulo à criação de postos de trabalho para jovens da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, território há mais de seis anos afetado pela ação de grupos armados.
O terrorismo “não pode ser só [enfrentado] sob o ponto de vista securitário e militar, à bruta”, é importante implementar ações com “impacto social e económico” na vida das populações, prosseguiu.
Aquele diplomata frisou a necessidade de implementação de iniciativas que respondam às aspirações dos jovens, principalmente a promoção do ensino e do emprego.
António Costa Moura referiu que a geração de emprego é “absolutamente prioritária para a valorização do capital humano e para a criação de oportunidades sustentáveis que garantam um futuro próspero, mais próspero para quem reside, vive e investe nesta província e na região, como um todo”.
Moura declarou que os megaprojetos ligados à exploração de gás devem ter um impacto significativo no tecido económico e social da província de Cabo Delgado.
Sobre a campanha “Empresa + Emprego”, o embaixador de Portugal em Maputo realçou o objetivo de criação de oportunidades de emprego inclusivas, dignas, justas e sustentáveis para os jovens de Cabo Delgado, através de sinergias com vários parceiros, incluindo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Confederação das Associações Económicas (CTA), a maior agremiação empresarial de Moçambique.
O presidente da CTA, Agostinho Vuma, disse na ocasião que o país precisa de intensificar a criação de oportunidades de emprego digno para a juventude, visando responder à pressão demográfica, caraterizada pela entrada anual no mercado laboral de 500 mil candidatos.
Moçambique vive uma “pressão demográfica decorrente tanto da taxa de crescimento populacional, que é de cerca de 2,5%, e o facto de cerca de 500.000 jovens procurarem o mercado formal”, enfatizou Vuma.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo fundamentalista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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