“O que sabemos é que os incêndios de 2019 são inferiores aos incêndios registados em 2005. Porque ninguém falou em 2005 que os incêndios eram terríveis? A NASA registou tudo e o nosso Instituto Nacional de Pesquisa Espacial também. Eu respondo: porque o Presidente do Brasil era o xuxu da imprensa, Luíz Inácio Lula da Silva”, disse o embaixador brasileiro, em entrevista à Agência Lusa.

Para Luís Fernando Serra, que chegou à capital francesa em agosto deste ano, há uma diferença entre como o Presidente Jair Bolsonaro é tratado pela imprensa europeia.

“Há dois pesos e duas medidas. Assim como Lula não teve qualquer culpa dos incêndios de 2005, Bolsonaro também não teve, mas o tratamento foi diferente. O que vimos foi um linchamento. […] Quando a Califórnia pegou fogo, alguém disse que a culpa era do Obama? Alguém disse que os incêndios em Portugal eram responsabilidade do primeiro-ministro António Costa”, questionou o diplomata.

Confrontado com a atividade dos opositores de Bolsonaro na capital francesa, nomeadamente a recente passagem da antiga Presidente Dilma Rousseff pela cidade, Luís Fernando Serra lamenta que a esquerda não aceite a vitória do atual líder.

“Essa esquerda aqui na França não aceitou essa derrota. E o Bolsonaro aqui perdeu nas urnas. Tudo bem que não tenham votado para o Bolsonaro, mas quando o Lula ganhou as eleições, quem perdeu, o centro-direita, não ficou fazendo essa mesma atividade contra o Brasil como eles fazem. Eles não estão a agir democraticamente porque caberia a eles aceitar o resultado das urnas e, aparentemente, eles não aceitam”, afirmou.

Questionado pelas posições polémicas de Jair Bolsonaro e alguns dos seus ministros em relação à homofobia e se isso não prejudica as relações com outros países, o embaixador negou que essas posições tenham tido qualquer força desde que o Governo subiu ao poder.

“O Presidente Bolsonaro não mudou uma única lei. Não é uma política de Estado perseguir os homossexuais. Tem assassínios de homossexuais, tem. Mas não é política de Estado, tal como não é o racismo. Temos leis contra isso. Racismo é crime, feminicídio é crime”, sublinhou o diplomata.

O embaixador, vindo recentemente de Brasília, refere que as posições do Presidente brasileiro não assustam os investidores franceses, que mostram um interesse renovado no país.

“As conversas são muito fluidas. Os investidores dizem que vão continuar a investir, que acreditam mais no Brasil de hoje do que no Brasil de Dilma ou de Lula porque a corrupção, que era endémica, atrapalhava os negócios”, concluiu.

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