Segundo o jornal ‘online’ Francebleu, o episódio ocorreu no sábado ao fim da tarde na localidade de Châlette-sur-Loing, e a polícia local desde logo excluiu a hipótese de atentado terrorista, por conhecer o homem, Luís, de 48 anos, e saber que este tomava medicação para problemas psiquiátricos, vivia com a mãe e não tinha antecedentes criminais, de acordo com o ministério público de Montargis.

O cidadão português tinha sido visto pouco antes no centro da cidade a brandir uma faca e ameaçar uma pessoa, o que levou os transeuntes a alertarem a polícia.

Uma patrulha de três agentes policiais acorreu ao local a tempo de anotar a matrícula da viatura do suspeito, uma informação que os levou à sua residência.

Quando os polícias tentaram interpelá-lo, o emigrante português trancou-se no carro e, ainda segundo a mesma fonte, exibiu a faca e ameaçou matá-los e “colocar bombas em toda a cidade”.

Numa gravação vídeo feita por um vizinho e divulgada na página do Francebleu, vê-se a chegada de reforços, os agentes a cercarem o veículo para impedir o homem de fugir e a baterem no vidro lateral e no para-brisas.

Apesar de haver dois veículos policiais a barrar-lhe a saída à retaguarda, Luís faz marcha atrás, embate neles, depois avança e consegue sair do estacionamento, altura em que os polícias começam a disparar sobre a viatura, que avança alguns metros e acaba por deter-se num relvado próximo de um supermercado, crivada de balas. O emigrante português sucumbe aos ferimentos.

“É uma família portuguesa, envolvida na vida associativa da comunidade de Châlette-sur-Loing”, disse ao Francebleu o presidente da câmara, Franck Demaumont, que esteve no local no sábado à noite.

A mãe do emigrante português encontrava-se de férias em Portugal no momento dos factos.

Seguindo o procedimento regulamentar habitual sempre que um polícia faz uso da sua arma de fogo, o ministério público convocou a Inspeção-Geral da Polícia Nacional francesa (IGPN), conhecida como “a polícia das polícias”, que se deslocou de Rennes para Châlette-sur-Loing e iniciou no domingo de manhã o seu inquérito para esclarecer a intervenção da brigada policial.

Os investigadores da IGPN vão ficar uma semana no local para determinar se o argumento de legítima defesa pode ser invocado pela polícia e se a resposta foi proporcional à ameaça.

Os agentes e várias testemunhas do episódio estão agora a ser ouvidos pela IGPN.

Contactado pela Lusa, o Comissariado da Polícia de Montargis declarou não poder fornecer informações sobre o caso.

A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas disse à Lusa que os serviços consulares não foram, até agora, contactados pelas autoridades francesas, pelo que desconhecem mais pormenores sobre o incidente.