O Eliseu não forneceu mais detalhes sobre a intervenção de Macron.
Esta será a primeira intervenção pública de Macron na sequência das últimas manifestações dos “coletes amarelos”, já que foi o primeiro-ministro, Edouard Philippe, que deu a cara na gestão dos protestos que assumiram momentos de grande violência.
Durante a manhã, Emmanuel Macron vai reunir-se com os sindicatos, entidades patronais e altas instituições do Estado, preparando terreno para enfrentar a crise dos “coletes amarelos”.
No sábado, o primeiro-ministro francês tinha anunciado que Emmanuel Macron iria propor “medidas” que visam “recuperar a unidade nacional”.
“O Presidente da República vai falar. Vai propor medidas que vão contribuir para o diálogo e que permitirão, assim espero, que a nação francesa se encontre e esteja à altura dos desafios que existem e que vão continuar a surgir nos próximos anos”, disse o chefe do Governo no sábado, sem avançar detalhes.
Durante esta fase de ‘mutismo’ do Presidente francês, termo escolhido pelas agências noticiosas para aludirem ao silêncio de Macron, Philippe e vários ministros esforçaram-se para transmitir a mensagem de que Macron está consciente do descontentamento e abriu “uma fase de escuta”.
O porta-voz do Governo, Benjamin Griveaux, fez em seu nome um ato de contrição ao contar que o chefe de Estado “reconheceu que algumas das suas palavras poderão ter ferido”, numa alusão a frases que davam uma imagem arrogante de Macron e que alimentaram o ódio contra o Presidente francês, visível nos atos dos “coletes amarelos”.
A questão agora é que tipo de medidas poderão acalmar o descontentamento porque os números de participantes nas manifestações de sábado, 136.000 segundo o Ministério do Interior, estão em linha com as da semana anterior.
O dispositivo de segurança “excecional” (89.000 agentes) que o Governo mobilizou em véspera do quarto sábado consecutivo de mobilização dos “coletes amarelos” limitou a violência física.
O ex-primeiro-ministro Alain Juppé destacou que as “consequências de tudo isto são desastrosas”, não só para o comércio, como para o turismo, mas, pior ainda, provocam “danos na imagem internacional de França”.
O conservador Juppé, ‘padrinho’ político de Philippe, insistiu que “isto deve cessar” e que o Presidente da República deve falar “rápido e forte” e que algumas das exigências dos “coletes amarelo” “merecem resposta, nomeadamente no caso do poder de compra.
Já numa linha mais distante está o chefe da diplomacia, Jean-Yves Le Drian, antigo barão socialista, que sublinhou que “agora a questão principal é o poder de compra”, manifestando-se convencido que as palavras de Macron demonstrarão “que entendeu este movimento” e irá fixar a direção para que França se encaminha para “um novo contrato social indispensável”.
Independentemente da solução, uma coisa é certa, “a crise atual terá um impacto significativo sobre o nível de crescimento no final do ano”, de acordo com o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire.
Por sua vez, a Federação do Comércio e Distribuição antecipou que o setor vai perder mais de 1.000 milhões de euros em faturação e o presidente da Confederação de Pequenas e Médias Empresas, François Asselin, advertiu que haverá “muitas quebras”, em entrevista ao Le Journal du Dimanche.
Asselin adiantou que as perdas poderão chegar 10.000 milhões de euros e terá o seu corolário de despedimentos.
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