“Ajudem-nos a encontrar todos os países que hoje não têm o ITF [imposto sobre transações financeiras] e que hoje não têm um imposto sobre os bilhetes de avião. Ajudem-nos na mobilização junto à Organização Marítima Internacional, em julho, para que haja tributação internacional”, declarou Emmanuel Macron numa entrevista aos ‘media’ France Info, RFI e France 24.

“A tributação internacional aplicada por um único país não funciona”, acrescentou Macron, pouco antes do final da cimeira para um Novo Pacto Financeiro Global, que acontece desde a quinta-feira em Paris.

O Presidente francês não descartou completamente a defesa de um imposto solidário sobre a riqueza (ISF) a nível global para financiar a luta contra as mudanças climáticas, depois de o abolir em grande parte em França.

“Removi parte do ISF em França porque fomos quase os únicos a aplicá-lo”, explicou.

É preciso um “ISF climático global”? Penso que precisamos de um imposto internacional que financie” a luta contra as alterações climáticas, acrescentou Emmanuel Macron.

O chefe de Estado francês reafirmou, em tom de brincadeira, que a França está na vanguarda “em matéria de fiscalidade”, já que tem impostos próprios sobre transações financeiras e sobre bilhetes de avião.

“Quem mais fez isso? Ao redor de nós, quase ninguém. Não funciona quando fazemos sozinhos, porque acabámos por ser punidos, os fluxos financeiros vão para outro lugar”, disse.

“O setor dos transportes marítimos não é de todo tributado (…). Deve ser tributado, mas não só os intervenientes franceses”, insistiu o chefe de Estado, apelando a outros países ocidentais e à China que adotem este projeto em discussão.

Emmanuel Macron elogiou também os progressos “muito concretos” da cimeira — organizada pelo chefe de Estado francês -, em particular sobre a reestruturação da dívida da Zâmbia e o pacto para uma transição energética “justa” com o Senegal.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na quinta-feira a decisão de enviar aos países pobres 100 mil milhões de dólares (92 mil milhões de euros) dos Direitos Especiais de Saque (DES), espécie de moeda de reserva da instituição.

“E nós, franceses, vamos deslocar 40% do nosso direito especial de saque. Já está decidido”, anunciou o Presidente Macron.