“Acabo por ter jornadas um pouco mais intensas, mas no dia ‘off’ [quando folgo] aproveito melhor o dia, estou com a família, levo e vou buscar a minha filha à escola, consigo fazer mais desporto do que o que fazia”, diz à agência Lusa João Alves, que trabalha desde 2017 nesta empresa.
O trabalhador, enquanto um dos responsáveis pela equipa de marketing da empresa sediada em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, não tem dúvidas de que a gestão dos quatro dias “correu muito bem”, já que todos os trabalhadores “estão alinhados” no mesmo sentido.
Sofia Almeida, na empresa desde 2021, sente-se também “muito mais motivada, apesar de os quatro dias serem mais intensos”.
“Sempre estive habituada a cinco dias de trabalho por semana e ter um dia de folga junto ao fim de semana dá para fazer o que antes deixava sempre para o fim de semana, como ir a consultas, ao cabeleireiro, fazer unhas ou tarefas de casa, e posso aproveitar mais o fim de semana para estar com a família e amigos”, explica a funcionária à Lusa.
Durante a pandemia de covid-19 e a obrigatoriedade de teletrabalho, a empresa acabou por encerrar as suas instalações em Lisboa.
Com o fim da pandemia, o regresso ao local de trabalho criou resistência entre os trabalhadores e levou à “maior saída de sempre”, conta à Lusa Sofia Patrão Alves, responsável dos recursos humanos.
A tecnológica teve por isso de ir ao encontro dos anseios dos trabalhadores e inovar com o modelo de quatro dias de trabalho, encurtando o horário de trabalho das 40 para as 36 horas semanais, concentrando-as de segunda a quinta-feira e dando folga à sexta-feira.
As equipas obrigadas a funcionar de segunda a sexta-feira têm escala rotativa de folgas.
“Independentemente de trabalharmos mais uma hora por dia, como estamos em teletrabalho, essa hora foi reduzida nos tempos de deslocação”, refere Sofia Patrão Alves.
Para a empresa o balanço tem sido “muito positivo”.
“Aquilo que eram os nossos objetivos de travar a rotatividade, aumentar a atratividade, e aumentar também a satisfação dos nossos colaboradores foram alcançados”, sustenta a responsável.
No barómetro do primeiro ano de implementação do modelo de trabalho de quatro dias por semana, agora divulgado, a tecnológica conclui que 90% dos trabalhadores da empresa estão satisfeitos com o modelo, com a maioria (78%) a afirmar precisar de um aumento salarial de pelo menos 30% para considerarem regressar à semana de trabalho de cinco dias.
A taxa anual de rotatividade recuou em 43% num setor caracterizado "por intensa competição por talento".
A nível de assiduidade, a taxa de absentismo desceu em cerca de 50% face ao ano anterior à semana de quatro dias e a produtividade por hora manteve-se estável.
Cerca de 80% das chefias consideram que as equipas "são tão produtivas como antes da implementação do novo modelo.
Os níveis de stress, fadiga e ansiedade desceram em 21%, com 45% dos trabalhadores a indicarem ter praticado mais exercício físico e melhorado a qualidade do sono devido à semana de quatro dias de trabalho.
Segundo os dados do barómetro, 98% dos trabalhadores consideram ter bom 'work-life balance' (equilíbrio entre a vida profissional e pessoal) e 89% afirmam passar mais tempo com família e amigos devido ao novo modelo de trabalho.
Apenas 12% dos trabalhadores mudaram de local de residência devido ao teletrabalho e, ao contrário das expectativas, apenas 38% se mudaram para fora das grandes cidades.
A empresa foi criada em 2013 e está presente em 24 mercados. O grupo é detentor da marca 360imprimir.pt, reconhecida nos mercados de língua portuguesa e espanhola e da marca BIZAY, utilizada nos restantes mercados.
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