A Shionogi anunciou que iniciou os ensaios clínicos de um medicamento concebido para neutralizar o novo coronavírus em menos de uma semana, de acordo com o The Wall Street Journal (WSJ).

Conhecida pelo medicamento Crestor para o colesterol, a farmacêutica nipónica frisa ainda que está a testar o medicamento e os efeitos secundários que surjam dos ensaios que tiveram início este mês — e que provavelmente irão continuar até ao próximo ano.

"O nosso objetivo é um composto oral seguro", revelou Isao Teshirogi, presidente-executivo da Shionogi, que acrescentou que a intenção passa por criar um comprimido capaz de neutralizar o vírus cinco dias depois de um doente o tomar.

A japonesa está, contudo, atrasada em relação à Pfizer e à MSD — conhecida nos Estados Unidos por Merck and Co. — que já se encontram numa fase mais adiantada neste tipo de testes a comprimidos. A Pfizer, por exemplo, começou em março nos Estados Unidos um ensaio em fase inicial de uma terapia antiviral oral contra a covid-19. Segundo a farmacêutica, o medicamento é para ser prescrito aos doentes ao primeiro sinal de infeção.

A Shionogi espera contar com 50 a 100 indivíduos saudáveis no seu ensaio no Japão, mas a empresa acredita que um ensaio de maiores dimensões, com mais doentes a receber placebo, possa vir a realizar-se ainda este ano.

De acordo com o WSJ, a taxa de fracasso dos ensaios de medicamentos é geralmente elevada. Qualquer efeito secundário, mesmo que não seja particularmente grave, como náuseas, pode levar a que um comprimido covid-19 não seja viável para uso doméstico — a intenção primordial destes ensaios. 

Tanto o comprimido da Pfizer como da Shionogi são inibidores da protease que impede a replicação do vírus nas células do doente infetado. Estes inibidores têm sido eficazes no tratamento de outros agentes patogénicos virais, como o vírus HIV ou o vírus da hepatite C, tanto isoladamente como em combinação com outros antivíricos.

No entanto, ao contrário das vacinas, o rápido desenvolvimento de medicamentos específicos para tratar a covid-19 não parece tão promissor, o que leva a Agência Europeia do Medicamento a estar centrada em seis fármacos à base de antivirais e anticorpos.

Para já, o regulador europeu apenas aprovou, em junho de 2020, o antiviral remdesivir para o tratamento da covid-19 em adultos e adolescentes a partir de 12 anos e com pneumonia, que requerem oxigénio suplementar.

(Notícia corrigida às 17:49 de 27 de julho. Corrige no segundo parágrafo e no corpo do texto a referência "a alemã Merck" por se tratar de duas empresas distintas.)