No dia em que os enfermeiros do Hospital Santa Maria estão em greve, a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Isabel Barbosa disse à agência Lusa que, em Lisboa, "o Hospital de Santa Paria e o Pulido Valente estão em rutura".
"Necessitam de centenas de enfermeiros imediatamente", disse a sindicalista, afirmando que entre os serviços afetados pela carência de profissionais estão a cirurgia, um serviço de internamento e um de nefrologia pediátrica estão encerrados e há quatro enfermeiros em falta na neonatologia.
"Em Santa Maria, com mais de cem enfermeiros, só um dos serviços de cirurgia precisa de 20 para funcionar normalmente", disse.
Isabel Barbosa referiu que o sindicato tem denunciado as faltas nos últimos anos, afirmando que o ministro das Finanças, Mário Centeno, não pode dizer que é "uma situação transitória".
O sindicato juntou cerca de "900 assinaturas" para entregar ao conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, ao ministro da Saúde e ao ministro das Finanças.
O "esforço e exaustão" dos enfermeiros tem "consequências óbvias na saúde dos utentes, na cidade de Lisboa e em todo o sul do país".
O dia de greve que cumprem hoje em Santa Maria teve uma adesão "bastante grande, com vários serviços a 100%", afirmou, salientando que ainda não dispunha de dados definitivos.
Sónia Viegas, que trabalha em Santa Maria, afirmou que a falta de enfermeiros afeta a proporção de enfermeiro por doente, o que significa que "a excelência que os doentes merecem é impossível neste momento".
Cada profissional "acaba a fazer o trabalho de dois ou três", mas sempre "com esforço e em esforço", o que deixa todos exaustos.
"Temos tido a capacidade de acompanhar o serviço, mesmo que os enfermeiros não comam, não vão à casa de banho. Também somos pessoas, pessoas que cuidam de pessoas", afirmou.
Os enfermeiros de Santa Maria "estão cansados, precisam de novos colegas já", disse Sónia Viegas, salientando que tem que haver mais profissionais antes de julho, quando lhes foi prometido que regressariam a horários semanais de 35 horas.
"Os chefes não vão conseguir fazer horários de 35 horas" com a falta de enfermeiros, alertou.
A chuva obrigou os enfermeiros, que se manifestaram em frente ao portão de principal de Santa Maria, a encurtar o protesto.
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