Dois homens vigiam, enquanto o terceiro utiliza o seu corpo como escada para que o emigrante — procedente do estado de Oaxaca — supere a barreira e chegue ao lado americano.

Do princípio ao fim da manobra, num ponto isolado e desértico entre Ciudad Juárez e Sunland Park, no Novo México, transcorrem menos de 120 segundos.

"Não conseguiu subir, demorou muito", reclamou um dos homens, garantindo que alguns conseguem superar a barreira em um minuto.

Em seguida, o grupo sai a correr para não ser visto por um carro da Patrulha de Fronteira dos EUA.

Do lado americano, o agora imigrante - seguindo instruções precisas - corre até um grupo de casas no horizonte.

Incursões como esta, que ocorrem quase diariamente em Juárez, são mais um desafio para Trump, que ordenou esta semana o envio de 4 mil homens da Guarda Nacional para a fronteira com o México.

Texas e Arizona respondem ao chamado

Os estados do Texas e do Arizona anunciaram esta sexta-feira, 6 de abril, que vão enviar tropas da Guarda Nacional para a fronteira com o México, após o presidente americano, Donald Trump, ordenar a mobilização de milhares de homens para combater o narcotráfico e a imigração ilegal.

A Guarda Nacional do Texas informou que enviará 250 homens para a fronteira nas próximas 72 horas, e que já disponibilizou dois helicópteros para a região, enquanto o governador do Arizona comunicou a mobilização de 150 militares na próxima semana.

"A Guarda Nacional do Texas está a preparar-se para mobilizar imediatamente aeronaves de apoio, veículos e equipamento para a fronteira entre Texas e México", declarou a comandante da Guarda Nacional do estado, Tracy Norris.

"Esta mobilização começou com o movimento de equipamentos e tropas hoje (sexta-feira). Em 72 horas, o departamento militar do Texas terá 250 homens, além de veículos de vigilância e plataformas de aviação ligeiras e médias" na zona da fronteira.

O envio das tropas do Arizona foi comunicado por seu governador, Doug Ducey, no Twitter.

A Guarda Nacional foi enviada anteriormente para a fronteira com o México em três ocasiões: em 2006 e 2008 com o presidente George W. Bush, e em 2010 com Barack Obama.

Nestes três casos, a mobilização manteve-se por aproximadamente um ano.

Orçamento federal dos EUA paga missões militares na fronteira mexicana

O Departamento da Defesa dos Estados Unidos vai assumir o custo dos quatro mil militares da Guarda Nacional (reserva territorial) mobilizados para missões de segurança na fronteira com o México, indicou o Pentágono.

A resolução foi aprovada na sexta-feira pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos da América, Jim Mattis, e significa que será o Governo federal - e não cada um dos Estados que contribuem com tropas - a pagar a conta das missões da Guarda Nacional, preconizadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

No entanto, as tropas no terreno continuam sob o comando de cada um dos Estados que contribuem com militares para as missões.

O memorando do Pentágono determina que a autorização de pagamento é válida até ao final do período orçamentado, que termina a 30 de setembro. O documento não indica a estimativa de custo de todas as missões.

Também indica que o pessoal da Guarda Nacional não vai desempenhar funções de manutenção da lei ou "interagir com migrantes ou outras pessoas detidas" pelo Departamento de Segurança Nacional sem a luz verde de Mattis.

O armamento distribuído às tropas será "limitado às circunstâncias que possam motivar autodefesa", indica o documento, sem dar mais pormenores.

(Notícia atualizada às 14h36)