Ibrahim Aqil, 61 anos, comandava a força de elite Al Radwan do Hezbollah. Ele foi morto por um bombardeamento israelita num subúrbio ao sul de Beirute na sexta-feira, junto com outros 15 líderes da unidade, de acordo com a poderosa formação pró-iraniana.

Um grande funeral foi realizado neste domingo e o seu caixão, coberto com coroas de flores, presidiu um palco decorado com fotos do falecido e as bandeiras amarelas do partido

“Estou a participar neste funeral para dizer que estamos todos com Hasan Nasrallah, ele deixa-nos orgulhosos e dignos”, disse à AFP Amira Makki, uma mulher de 60 anos que usava abaya e véu pretos.

“Estamos prontos para sacrificar os nossos filhos e netos por ele”, acrescentou. Em suas mãos carregava fotos do seu irmão e cunhado, que foram mortos pelas forças israelitas nos últimos meses.

A poucos metros de distância estava Fatima, que perdeu dois dos seus tios nas trocas de tiros quase diárias entre o Hezbollah e o Exército israelita desde o início da guerra na Faixa de Gaza em outubro de 2023, após um ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel.

“É nosso dever estar aqui: cada mártir protege-nos [...], sem o sacrifício deles não estaríamos aqui”, disse a graduada em ciências laboratoriais de 26 anos.

“Jovens são mortos, mas a marcha continua”, acrescentou, num tom determinado.

Na estrada que leva à cerimónia no bairro de Bir al Abed, uma enorme faixa dizia: “Não abandonaremos a Palestina”. O Hezbollah, aliado do Hamas, diz que só cessará as hostilidades contra Israel quando houver um cessar-fogo em Gaza.

"Grande comandante”

Milhares de partidários do Hezbollah compareceram ao evento, entoando cânticos fúnebres.

Ao lado de combatentes em trajes militares e boinas vermelhas, homens e mulheres em trajes civis marcharam para ouvir Naim Qasem, o número dois do movimento.

Num discurso inflamado com tons belicistas, Qasem exaltou a memória de Ibrahim Aqil, um “grande comandante” que liderou e “fundou em 2008” a temível força Al Radwan.

De tempos em tempos, a multidão interrompia com cantos de “Morte aos Estados Unidos, morte a Israel” e declarações de lealdade a Hasan Nasrallah.

Qasem afirmou que o Hezbollah estava inaugurando “uma nova fase” na sua batalha contra Israel. “As ameaças não nos deterão: estamos preparados para todos os cenários militares” contra Israel, acrescentou no seu discurso.

De acordo com uma fonte próxima ao Hezbollah, os 16 membros do al-Radwan estavam a participar numa reunião do comando da força de elite no porão de um prédio quando ocorreu o bombardeamento israelita.

Além de Ibrahim Aqil, o ex-chefe da unidade, Ahmed Mahmud Wahbi, também estava entre as vítimas.

De acordo com as autoridades libanesas, 45 pessoas, incluindo civis, foram mortas pelo desabamento do prédio bombardeado. Entre os mortos, havia pelo menos três crianças e sete mulheres.