No total, 108 baleias foram resgatadas nos últimos cinco dias, a maioria arrastadas até águas mais profundas com recurso a lanchas, das 488 que ficaram presas nas areias em Macquarie, no início da semana, no maior encalhe em massa registado na Austrália.

O Governo da Tasmânia disse hoje, através de um comunicado, que acredita não haver mais baleias vivas no porto, noticia a agência Efe.

Com o resgate das baleias vivas concluído, as autoridades vão concentrar os esforços na necessidade de retirar os corpos das 380 que morreram na sequência do incidente e que permanecem na baía.

O comunicado acrescenta que as autoridades vão aproveitar o dia de domingo, quando é esperada uma melhoria das condições climatéricas, para encontrar a solução para o descarte dos cadáveres das baleias-piloto de barbatanas longas (Globicephala melas), que podem medir até 6,7 metros e pesar 2,5 toneladas.

A retirada de todos os corpos levará vários dias e dependerá dos ventos, marés e condições meteorológicas.

As autoridades estão a estudar várias formas para se livrarem do elevado número de cadáveres, que representam riscos para a navegação e podem atrair predadores como tubarões, que representam perigo para as pessoas.

A opção mais viável deverá passar por arrastar as baleias mortas para o alto mar.

O incidente, considerado uma tragédia ambiental, começou na segunda-feira, quando as autoridades avistaram as primeiras 270 baleias-piloto encalhadas numa praia e em dois bancos de areia, perto da remota cidade de Strahan, na costa oeste, no estado insular da Tasmânia.

Na quarta-feira, foram encontradas mortas mais 200 baleias, a menos de dez quilómetros a sul.

A Tasmânia é a única zona da Austrália propensa a encalhes em massa, embora ocorram ocasionalmente no continente australiano.

O maior incidente do género na Austrália ocorreu em 1996, quando 320 baleias-piloto encalharam perto da cidade de Dunsborough, no estado da Austrália Ocidental, em 1996.

Este é o primeiro na Tasmânia desde 2009 que envolve mais de 50 baleias.

Na vizinha Nova Zelândia, mais de 600 baleias-piloto chegaram à Ilha do Sul em Farewell Spit em 2017.

Estes cetáceos são animais com forte vínculo familiar e, por isso, muitos morrem durante o encalhe devido ao stress causado pela separação do grupo, enquanto outros acabam por morrer por fadiga ou falta de oxigénio por não se conseguirem mover.

As baleias-piloto ou caldeirões comuns são espécies protegidas de cetáceos pertencentes à família dos golfinhos e não são consideradas espécie ameaçada.

Embora não haja números oficiais, estima-se que existam cerca de 200 mil baleias-piloto no Atlântico Norte e nas águas oceânicas do sul que fazem fronteira com a Antártica.

Os cientistas ainda não conseguiram explicar a razão de estes cetáceos se desviarem por vezes das suas rotas e ficarem presos em águas de baixa profundidade, embora seja considerada a possibilidade de estes se perderem, atraídos por poluição sonora ou guiados por um líder de grupo desorientado.