“Para limpar as nossas fronteiras de grupos terroristas, a Turquia lançará novas operações com base no modelo das ofensivas ‘Escudo de Eufrates’ [conduzida contra os ‘jihadistas’ do Estado Islâmico e as milícias curdas no norte de Alepo] e ‘Ramo de Oliveira’ [no enclave curdo de Afrine]”, declarou Erdogan, numa intervenção em Istambul, em que revelou as grandes linhas do seu programa para as eleições antecipadas de 24 de junho.

A Turquia está envolvida desde janeiro em Afrine (no noroeste da Síria) na ofensiva “Ramo de Oliveira” contra a principal milícia curda em território sírio, as Unidades de Proteção Popular (YPG).

A milícia, considerada por Ancara como uma organização terrorista, é apoiada pelos Estados Unidos e está envolvida na luta contra os ‘jihadistas’ do Estado Islâmico (EI).

Antes desta operação, a Turquia realizou, entre agosto de 2016 e março de 2017, uma primeira ofensiva no norte da Síria contra o EI e as YPG, denominada “Escudo de Eufrates”.

Em diversas ocasiões, o Presidente turco ameaçou alargar a ofensiva “Ramo de Oliveira” para o leste da Síria, em direção à fronteira iraquiana, manobra que poderá colidir com as movimentações dos Estados Unidos e de França, que destacaram militares para a zona de Minbej.

O chefe de Estado turco também tem exortado o Governo de Bagdad a agir contra as bases de apoio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, ameaçando intervir caso as autoridades iraquianas mantenham uma postura passiva. Ancara também considera o PKK como uma organização terrorista.

A ofensiva turca contra as YPG na Síria abriu um foco de tensão nas relações entre Ancara e Washington, mas tem contribuído para o fortalecimento da cooperação entre a Turquia e a Rússia no dossiê sírio.

Esta operação tem igualmente alimentado os sentimentos nacionalistas na Turquia, algo que Erdogan pretende explorar até às eleições antecipadas de junho.

Em abril passado, Erdogan anunciou que as eleições presidenciais e legislativas que estavam previstas para novembro de 2019 iam ser antecipadas para o próximo dia 24 de junho.

“O nosso objetivo é destruir todas as organizações terroristas que nos atacam e enviá-las para o lixo da história”, declarou ainda o Presidente turco na intervenção em Istambul.