O pico mais alto da ilha de Java acordou no sábado a lançar nuvens de cinzas que com a chuva se transformaram em rios de lama ardente, devastando uma dúzia de aldeias vizinhas e provocando a fuga de milhares de pessoas.

"O balanço atualizado regista 34 mortes e 17 pessoas desaparecidas", afirmou o porta-voz a respeito da erupção de sábado, que cobriu a região de cinzas e destruiu mais de 10 localidades. Mais de 3.500 moradores foram retirados da região.

Ruas inteiras foram cobertas de cinzas e lama, com caminhões e casas enterrados até o teto. A cidade de Curah Kobokan, a mais próxima da cratera, foi devastada pelas cinzas em chamas, que foram fatais para muitos dos residentes.

"Estou traumatizado, perguntei aos meus pais se eles tiveram coragem de voltar para Curah Kobokan e eles disseram que não, preferiram dormir debaixo de uma árvore", disse Marzuki Suganda, de 30 anos, que trabalhava numa mina de areia na região. "Quando a erupção aconteceu, eu pensei que morreríamos".

Milhares de casas e edifícios foram afetados, incluindo 24 escolas, de acordo com os dados provisórios do Centro de Assistência Humanitária para a Gestão de Desastres (AHA Centre) da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

As equipas de resgate trabalham em condições difíceis em busca de sobreviventes e corpos nos escombros, lama e cinzas. Embora tenham cães para ajudá-los, a ameaça do vulcão, a instabilidade do terreno e a chuva estão a retardar os seus esforços.

O vulcão mantém uma atividade intermitente, com várias erupções todos os dias, mas de menor magnitude desde o fim de semana.

As autoridades pediram aos moradores que não se aproximem a menos de cinco quilómetros da cratera, pois o ar saturado de cinzas e poeira é perigoso para as pessoas vulneráveis.

O presidente indonésio, Joko Widodo, prometeu que o governo ajudará as pessoas que não podem voltar para casa devido ao risco de erupção. "Espero que, quando as coisas se acalmarem, consigamos recuperar as infraestruturas e pensar na possibilidade de retirar as casas de áreas consideradas perigosas", disse, antes de citar 2.000 residências.

O Semeru, com 3.676 metros, entrou em erupção diversas vezes nas últimas décadas, mas poucas tão destrutivas.

A Indonésia fica no chamado Círculo de Fogo do Pacífico, onde o encontro de placas tectónicas provoca uma grande atividade sísmica. O arquipélago do sudeste asiático tem quase 130 vulcões ativos.