“Finalmente, confirmámos que o sítio teve uma ocupação bastante mais antiga do que aquela que, até agora, tínhamos estado a escavar”, afirmou à agência Lusa a arqueóloga Mariana Nabais, que lidera a equipa envolvida na campanha.

Segundo a responsável, as escavações no Castelo Velho de Safara, no concelho de Moura, distrito de Beja, que estão em curso até ao final deste mês, permitiram confirmar que o sítio teve uma ocupação datada entre os séculos IV e II antes de Cristo (a.C.).

“Nós já desconfiávamos que poderia ter uma ocupação da segunda Idade do Ferro, ou seja, dentro dos séculos IV a II a.C., mas ainda não estava completamente confirmada”, assinalou, adiantando que a confirmação aconteceu durante a campanha em curso.

Mariana Nabais salientou que “as estruturas da época romana republicana” existentes no local, que datam do século I a.C. e que os arqueólogos já escavaram, “assentam em níveis mais antigos datados da Idade do Ferro”.

“Esta datação da Idade do Ferro é, sobretudo, baseada na presença de vestígios cerâmicos”, nomeadamente “cerâmica ática, que tem origem na Grécia e um tipo de decoração pintada muito particular”, sublinhou.

A presença deste tipo de cerâmica, disse a arqueóloga, está também associada a “outras de produção local” com “bandas concêntricas em vermelho”, que são “tipologias e formas típicas da Idade do Ferro”.

De acordo com a líder da equipa envolvida na campanha, os arqueólogos ainda não sabem ao certo que tipo de ocupação existiu naquele sítio, mas pensam que terá sido “um povoamento onde as pessoas viveriam e não só um local de passagem”.

“A forte presença romana republicana indica-nos que, provavelmente, a ocupação anterior seria relativamente significativa”, pois o exército romano tinha “necessidade de se impor” para conquistar territórios, notou.

Com a continuação das escavações, Mariana Nabais disse esperar que seja possível obter “mais indicações” sobre a ocupação mais antiga deste sítio arqueológico.

Esta que é a quarta campanha de escavações no Castelo Velho de Safara e está a ser promovida por uma equipa internacional da South-West Archaeology Digs (SWAD), uma escola de campo de arqueologia de periodicidade anual.

Com direção científica a cargo dos portugueses Mariana Nabais, Margarida Figueiredo e Rui Monge Soares, esta equipa internacional da SWAD integra participantes de mais de 10 nacionalidades.

Os trabalhos contam com o apoio de várias entidades, como a University College London, a Câmara de Moura, a União de Juntas de Freguesia de Safara e Santo Aleixo da Restauração, a Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura e a empresa Empark.

Para o próximo sábado, está previsto um Dia Aberto, cujo programa inclui visitas guiadas ao Castelo Velho de Safara e às escavações e à apresentação de artefactos descobertos no local.