Inês Ramires esteve hoje de manhã, com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, na escola secundária Santa Maria do Olival, em Tomar (distrito de Santarém), no início da testagem ao novo coronavírus a alunos, professores e funcionários do ensino secundário e que irá decorrer de “forma continuada e constante” em todo o país, a começar pelos concelhos de maior risco.
Questionada sobre a pressão, sobretudo de pais e autarcas, para o encerramento das escolas, Inês Ramires afirmou que o arranque dos testes rápidos antigénio, hoje, visa “dar mais instrumentos às escolas para continuarem a ser locais seguros”.
“Tivemos a decisão na semana passada de manter as escolas abertas, com base nas evidências científicas e em como decorreu o primeiro período, que mostrou que o sistema funcionava”, assegurando “maioritariamente o ensino presencial” e mantendo-se o ensino à distância “apenas como recurso”, afirmou.
Sublinhando compreender “o medo” face à evolução dos números de casos covid-19, a secretária de Estado afirmou que o Governo fará uma avaliação a cada momento e tomará as medidas necessárias.
“Hoje o que estamos aqui a mostrar é o início de uma testagem nas escolas que visa dotar as escolas de mais instrumentos para torná-las locais seguros”, afirmou.
Inês Ramires salientou que as testagens realizadas no primeiro período do ano letivo “revelaram incidências mínimas em ambiente escolar” e que o sistema “tem funcionado”, enviando para casa “quem deve ir para casa” e ficando na escola quem aí deve permanecer, e reafirmou a importância da escola para “uma série de alunos”, para quem este é o local onde “conseguem um enquadramento” que permite uma melhoria nas suas vidas.
Confrontada com a posição da presidente da Câmara Municipal de Tomar, a socialista Anabela Freitas, que esta semana encerrou uma escola do primeiro ciclo, dado o número de auxiliares infetadas, Inês Ramires afirmou que o Governo vai continuar a auscultar os autarcas e que tomará “boa nota” das suas posições.
No diálogo que teve hoje com os dois governantes, Anabela Freitas salientou que, durante o primeiro confinamento, o município fez “um investimento muito forte nas novas tecnologias para que não falte a nenhuma criança ou a nenhum jovem”, e que os serviços autárquicos estão “preparados para levar refeições” a todos os alunos que necessitem, garantindo igualdade de oportunidades para todos.
“Temos a máquina toda montada para que não fique nenhuma criança sem comer pelo facto de uma escola estar encerrada”, disse.
Também o secretário de Estado Adjunto e da Saúde assegurou que o Governo está a “acompanhar de muito perto” a evolução da situação e que tem “a humildade suficiente para tomar as melhores decisões de acordo com aquilo que é a própria evolução epidemiológica”.
Sobre o fecho das escolas, Lacerda Sales afirmou que essa decisão deve ser suportada técnica e cientificamente e ter em conta diversos enquadramentos, de forma a que a decisão política “responda às necessidades dos portugueses”.
António Lacerda Sales lamentou todas as mortes que têm ocorrido devido à pandemia, reafirmando a determinação do Governo em “expandir” o sistema de saúde “até ao limite”.
“Nenhum sistema de saúde tem uma resposta ilimitada em nenhuma parte do mundo. Nós temos capacidade de resposta, de expandir a rede, como já foi comprovado”, disse.
Questionado sobre um novo aumento do número de mortos, para cerca de 300 nas últimas 24 horas, Lacerda Sales afirmou que o Governo não tem hesitado quando é preciso tomar medidas e que está preparado para, se necessário, reforçar e decidir de forma “adequada” e “proporcional” ao que for a evolução epidemiológica.
A testagem na escola secundária Santa Maria do Olival começou hoje de manhã com uma turma do 10.º ano e outra do 12.º, prosseguindo durante a tarde e o dia de quinta-feira.
No agrupamento, que inclui estabelecimentos do pré-escolar ao secundário, numa centena de turmas, 20 encontram-se em ensino à distância, salientando a vice-diretora, Natália Nogueira, que o máximo de contágio na mesma turma é de quatro alunos infetados, sendo, na maioria, um número inferior.
Natália Nogueira considerou a testagem “muito bem-vinda”, por dar “mais segurança” à comunidade educativa, salientando que a mobilidade dos jovens torna difícil controlar eventuais contágios.
Tendo optado pela avaliação semestral, a escola secundária, que leciona também o 9.º ano, está na última semana de aulas antes da paragem letiva.
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