"Com a divulgação destes resultados, na sua maioria reportados pelo CNE, manifestamos a nossa total solidariedade com as vítimas e as suas famílias, e reiteramos que estamos, acima de tudo, focados no seu apoio e proteção. Lamentamos profundamente que tais situações tenham ocorrido, e reiteramos a nossa política de tolerância zero para com todas as formas de abuso", lê-se na nota enviada pelo Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (CNE).
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou hoje o coordenador Pedro Strecht, que referiu ainda que esta comissão enviou para o Ministério Público 25 casos.
Saudando a iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa em estabelecer esta iniciativa e agradecendo à comissão pelo trabalho efetuado, o CNE assume que o seu "trabalho enquanto comunidade eclesial educativa não termina aqui".
"Continuamos empenhados em promover um ambiente e uma cultura institucional em que as vítimas se sintam protegidas para reportar situações que tenham sofrido no passado ou no presente", afirma o CNE no comunicado.
A organização de escuteiros lembra que criou o “Escutismo: Movimento Seguro” em 2016, uma estrutura interna "que dispõe de uma ferramenta de reporte, disponível para qualquer pessoa, associado do CNE ou não, para que qualquer preocupação ou ocorrência possam ser relatadas".
"Todas as situações, sem exceção, são analisadas por uma equipa multidisciplinar composta por voluntários e profissionais, que atuam em conformidade com as situações expostas, dando seguimento para as autoridades judiciais sempre que se demonstra necessário", informa a nota.
O CNE diz ainda que, "enquanto movimento da Igreja Católica", afirma o seu "compromisso em proteger as crianças e jovens que compõem a Associação, numa ação assente em três pilares: prevenir, identificar e intervir".
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, afirmou hoje que o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja “exprime uma dura e trágica realidade: houve, e há, vítimas de abuso sexual provocadas por clérigos”.
“Pedimos perdão a todas as vítimas: às que deram corajosamente o seu testemunho, calado durante tantos anos, e às que ainda convivem com a sua dor no íntimo do coração, sem a partilharem com ninguém”, acrescentou.
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