O organismo responsável pela energia nuclear em Espanha aprovou na quarta-feira em Madrid um parecer favorável à reabertura da central nuclear de Garona, na província de Burgos (Comunidade Autónoma de Castela e Leão), sempre e quando o operador, a Nuclenor, cumpra as condições de investimento em segurança que forem exigidas.

Depois deste parecer cabe agora ao Ministério da Energia espanhol decidir se autoriza a Nuclenor a voltar a ligar a central à rede elétrica, visto estar parada desde 2012.

O parecer favorável abre a via para que as outras cinco centrais nucleares ativas em Espanha (Almaraz, Cofrentes, Trillo, Ascó y Vandellós) peçam também para continuarem a operar para além dos 40 anos, que vão cumprir nos próximos anos.

A central que em seguida irá pedir autorização para continuar a operar é a de Almaraz, a que mais eletricidade gera (30% do subsetor), operada pela Iberdrola, Unión Fenosa e Endesa na província de Cáceres (Estremadura espanhola) a 100 km da fronteira portuguesa, com dois reatores que entraram em funcionamento em 1981 e 1983.

O Ministério da Energia espanhol deverá, até ao fim do ano ou início de 2018, decidir se prolonga a atual licença de exploração da central de Almaraz, que caduca em 2020.

A central nuclear de Zorita (Guadalajara) é aquela que, até agora, esteve mais tempo em funcionamento, 37 anos, de 1969 a 2006.

Em 16 de janeiro último, Portugal apresentou à Comissão Europeia, em Bruxelas, uma queixa relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, sem avaliar o impacto ambiental transfronteiriço.

O Governo português defende que, no projeto de um aterro de resíduos junto à central nuclear de Almaraz, "não foram avaliados os impactos transfronteiriços", o que está contra as regras europeias.

Os ambientalistas portugueses e espanhóis estão contra o prolongamento da licença de exploração de Almaraz e desconfiam que a decisão de construção desse aterro seja o primeiro passo para prolongar a vida da central para além de 2020.