Este projeto visa fornecer previsões climáticas de médio e longo prazo, conjugando "o conhecimento e a experiência de observação, no contexto das atividades humanas e empresarias, o que designamos por ‘Business Weather Analytics'", disse à agência Lusa um dos fundadores do projeto iClimate Adviser, Mário Marques.

"Estas previsões darão origem a mapas de informação adaptados a cada indústria ou serviço, contendo indicadores que ajudam a tomar decisões ou efetuar ações, com impacto direto na atividade ou negócio, num contexto de adaptação às alterações climáticas", contou o especialista em previsões, climatologia aplicada, alterações climáticas, riscos naturais e ordenamento do território.

Através desta plataforma, os utilizadores terão acesso a informações que ajudam ao nível das operações diárias (decisões de acompanhamento de eventos e de "grande importância económica") e nas operações semanais, mensais ou sazonais (decisões estratégicas).

Segundo o responsável, o foco são as entidades e áreas "mais sensíveis e influenciadas pelas condições atmosféricas", como é o caso dos municípios e da proteção civil, a agricultura, as seguradoras, o turismo, a construção, a produção de energia, as compras e o lazer.

Assim, será possível definir "a melhor altura para uma autarquia efetuar um fogo controlado, a melhor altura para a sementeira ou como se deve preparar um evento ao ar livre, tendo em conta o vento, a chuva, o calor ou frio", explicou.

"Ao longo dos últimos anos, temos visto alterações dramáticas no comportamento do padrão climáticos das estações do ano, assim como a ocorrência sistemática de eventos climáticos extremos. Não é de todo estranho assistirmos, no mesmo ano, à ocorrência de cheias, secas, saraivadas e incêndios", referiu.

Além disso, tem-se assistido a uma "preparação inadequada" em termos de reação e combate, sendo necessário um planeamento mais eficaz para fazer face a estes eventos.

"Sentimos que as empresas, as entidades e as pessoas têm falta de apoio e aconselhamento nas decisões a tomar face a qualquer tipo de clima, seja este favorável ou desfavorável", afirmou.

Nesse contexto, e sendo o mercado "muito limitado em termos de recursos humanos", a equipa decidiu utilizar o conhecimento que tem na área de climatologia e meteorologia para criar este serviço e "adaptá-lo de uma forma simples, clara e atempada" às diferentes empresas.

De acordo com Mário Marques, existem atualmente várias soluções de previsão meteorológica de cinco a dez dias, usando, grande parte delas, o mesmo modelo de previsão.

"Deve-se referir que, devido à variabilidade dos modelos de previsão numérica, cuja atualização ocorre de seis em seis horas, assistimos, por vezes, à informação de previsão do mesmo modelo, mas de instantes ou simulações diferentes sobre o mesmo período e com previsões díspares", acrescentou.

A iClimate Advisor, por sua vez, "apostará em previsões de médio e longo prazo, baseadas na correlação de teleconexões e padrões climatológicos", esclareceu.

Um dos próximos objetivos da equipa, que conta neste momento com três elementos e foi fundada por Mário Marques e por Vítor Teixeira, é desenvolver um sistema de previsões climáticas para o público em geral.

Com este projeto, iniciado no final de 2017, participaram no programa de aceleração Startup Porto Accelerator, lançado pela Associação Nacional de Jovens Empresários e pelo INESC TEC, tendo chegado à final nacional da ClimateLaunchpad, uma competição da Comissão Europeia que apoia ideias inovadoras com vista à redução do impacto ambiental e que decorreu no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.