“Senhor primeiro-ministro, gastar em equipamento militar e armamento de que não precisamos é comprar lixo, mesmo que em parte seja ‘made in’ Portugal. Porque haveremos de comprar lixo e desperdiçar mais de mil milhões de euros a cada ano?”, questionou Catarina Martins.
Intervindo no debate parlamentar sobre o Estado da Nação, a deputada do Bloco de Esquerda perguntou a António Costa por que “falta o investimento no território e no desenvolvimento do interior” ao mesmo tempo que “promete à NATO gastar mais de mil milhões de euros a cada ano em despesa militar”.
“Não é em defesa civil, não é para responder a necessidades do nosso país”, sustentou, considerando que esse dinheiro “falta nas escolas” e podia “substituir material obsoleto nos hospitais”.
E, acusou: “Porque aceitamos as metas de Trump [Presidente norte-americano] enquanto mantemos a ciência e a cultura na penúria?”.
Catarina Martins começou por afirmar que, ao fim de três anos, “não vai tudo bem” e apontou a “falta de investimento” como “o maior problema que o país enfrenta”.
Quando "falta investimento" na saúde, na Educação e nos transportes, "são mesmo os professores o problema das contas públicas? Alguém acredita nisso?", questionou.
Assumindo que ao fim de três anos, o BE tem “orgulho” no que foi conseguido através da atual solução política, a coordenadora do BE disse que o partido continua disponível para prosseguir o acordo assinado com o Governo em 2015 e para negociar “um Orçamento que reforce o investimento na Saúde, nos Transportes, na Educação, Ciência e Cultura”.
“Quem teve a responsabilidade de devolver a esperança tem também a responsabilidade de não vender ilusões e a responsabilidade de prosseguir este caminho em vez de reconduzir o país para a política do centrão”, declarou.
Catarina Martins manifestou “toda a disponibilidade” para negociar e encontrar respostas de que o país precisa, “queira o Governo encontra-las com a esquerda”.
O próximo Orçamento do Estado, o último da legislatura, deve “fazer justiça nas pensões antecipadas das longas carreiras e que baixe o preço da energia”, disse.
O aumento do Salário Mínimo, a vinculação dos trabalhadores precários, a construção de respostas públicas para a habitação foram também prioridades identificadas pela deputada bloquista.
Insistindo na reestruturação da dívida, a deputada argumentou que “se a zona euro não acabar com a embrulhada da dívida, a dívida acabará com a embrulhada do Euro”.
“É certo que Bloco e PS sempre tiveram perspetivas diferentes sobre esta matéria. Mas concordamos que o nosso endividamento resulta de deficiências e desequilíbrios estruturais na arquitetura da Zona Euro, agravados por um programa de ajustamento absolutamente desastroso, que deixou o país ainda pior”, sustentou.
(Notícia atualizada às 14h01)
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