“Na quarta-feira, os soldados do califado atacaram um posto do exército ‘cruzado’ na vila cristã de Quiterajo, na área de Cabo Delgado, e mataram muitos elementos do posto, enquanto os que sobreviveram fugiram”, lê-se numa tradução do boletim árabe a que a Lusa teve hoje acesso.
“Os ‘mujahideen’ [atacantes] levaram uma variedade de armas e munições como espólio e também queimaram casas da vila cristã em vingança pelos muçulmanos”, acrescenta.
O grupo acrescenta que, numa outra operação, “soldados do califado” atacaram outro posto militar na vila de Cobre, “matando muitos dos elementos e queimando completamente veículos e tanques”, além de conseguirem apropriar-se de armas e munições.
As reivindicações coincidem com outros relatos no que toca à aldeia de Quiterajo.
O boletim de observação eleitoral do Centro de Integridade Pública (CIP), que acompanha a campanha para a votação geral (eleições presidenciais, legislativas e provinciais) de 15 de outubro, relata que na quarta-feira “um grupo de insurgentes voltou a atacar a população do posto administrativo de Quiterajo, distrito de Macomia”.
Segundo o relato, os ataques começaram pelas 19:00, estenderam-se pela noite e madrugada, provocando seis mortos, além de 10 pessoas terem sido raptadas.
O ataque aconteceu depois de um outro realizado na semana anterior, a 10 de setembro, refere o boletim do CIP.
Quiterajo é um dos quatro postos administrativos de Macomia, sendo que Chai e Macomia (sede) estão situados no interior, ao longo da principal estrada asfaltada da província (EN 308), e tanto Mucojo como Quiterajo estão na zona costeira, onde os ataques têm acontecido com maior frequência.
O grupo EI reivindicou pela primeira vez a 04 de junho uma ação no norte de Moçambique, região afetada desde outubro de 2017 por ataques armados levados a cabo por grupos criados em mesquitas da região e que eclodiram em Mocímboa da Praia.
Como consequência já terão morrido, pelo menos, 200 pessoas, quase todas em aldeias isoladas e durante confrontos no mato, mas, nalgumas ocasiões, a violência já atingiu transportes na principal estrada asfaltada da região, bem como a área dos megaprojetos de exploração de gás – em que várias empresas subempreiteiras são portuguesas.
Autoridades e analistas ouvidos pela Lusa têm considerado pouco credível que haja um envolvimento genuíno do grupo terrorista nos ataques, que vá além de algum contacto com movimentos no terreno.
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