Na declaração enviada hoje à Lusa, Morgan Ortagus, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirma que “as alegações de tortura de Saab são patentemente falsas” e que fazem parte de uma “campanha agressiva de mentiras e desinformação” do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, “na tentativa de influenciar o processo judicial e influenciar a opinião pública cabo-verdiana e internacional”.
O empresário Alex Saab denunciou, na segunda-feira, em carta citada pelo jornal El Mundo que “os Estados Unidos têm quatro empregados naturais de Cabo Verde” que o estão a torturar na prisão deste país, onde está detido.
A porta-voz do Departamento de Estado acrescenta que “apesar da tremenda pressão política”, os EUA mantêm “fé e confiança na integridade do sistema judicial de Cabo Verde”, que classifica de “modelo regional de adesão ao Estado de direito”.
Os Estados Unidos acusam o empresário colombiano Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano através do sistema financeiro dos Estados Unidos.
Alex Saab, 48 anos, foi detido em 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos da América (EUA), que o consideram um testa-de-ferro do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
“Os Estados Unidos têm quatro empregados que entram na minha cela todas as noites e me espancam para que faça declarações falsas contra [Nicolás] Maduro”, de acordo com a carta enviada por Alex Saab da sua cela e à qual o jornal espanhol El Mundo teve “acesso em exclusivo”.
Na carta, Alex Saab escreveu que exige “libertação imediata” da prisão em Cabo Verde por ser “diplomata desde abril de 2018, como enviado especial da Venezuela à Rússia e ao Irão, com imunidade diplomática”.
Alex Saab sustenta que foi “arbitrariamente detido em Cabo Verde e retirado do avião privado em que viajava”: “Fui torturado durante dois dias com o objetivo de assinar declarações e recusei”, afirmou.
A defesa internacional de Alex Saab defende a “completa falsidade” das acusações dos EUA e insiste que se trata de uma violação do “princípio da lealdade criminal” nesta matéria.
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