O tribunal sul-coreano condenou Jung Joon-young e Choi Jong-hoon a seis e cinco anos de prisão, respetivamente, por terem violado em grupo mulheres que se encontravam inconscientes e sob o efeito de álcool.
"Jung e Choi participaram numa violação coletiva de vítimas alcoolizadas e incapazes de resistir", disse a agência de notícias Yonhap, informando o veredito, que rejeitou a alegação dos acusados de que o sexo era consensual.
Os dois cantores são muito populares, mas consideraram as vítimas apenas como "objetos sexuais" a serem explorados, afirmou o tribunal. "Devem assumir a responsabilidade social proporcional à sua fama e riqueza", acrescentou.
Os dois homens choraram quando as sentenças foram anunciadas.
Como a sentença mínima para violação na Coreia do Sul é de três anos, a maioria dos analistas afirmou que as penas neste caso foram muito brandas.
Jung, de 30 anos, também foi condenado por filmar os momentos em que teve relações sexuais com outras mulheres, sem que estas tivessem conhecimento do vídeo, e por divulgar as imagens sem o seu consentimento.
Jung ganhou fama em 2014, quando ficou em terceiro lugar no programa de talentos "Super Star K" e teve vários sucessos solo antes do escândalo do vídeo em março, quando anunciou a sua retirada da vida artística.
Na altura, as acusações de violação ainda não tinham chegado ao conhecimento geral, mas o músico comentou que "tinha cometido crimes que não poderiam ser perdoados".
"Peço desculpa às mulheres vítimas que estão a sofrer por minha causa e aos fãs", declarou, acrescentando que "passaria o resto da vida a refletir sobre os erros".
Choi é um ex-membro da banda F. T. Island, que teve álbuns no topo das tabelas na Coreia do Sul. Segundo o tribunal, o homem de 30 anos disse não ter sentido remorsos depois de ter “violado várias mulheres bêbedas”.
"Molka": Os vídeos que têm abalado a sociedade sul-coreana
Esse é um dos casos de maior destaque deste tipo de crime de uso de câmaras ocultas na Coreia do Sul, o que provocou uma revolta generalizada e várias manifestações de mulheres em Seul sob o lema "A minha vida não é o teu porno", recorda a AFP.
Conhecidos como "molka", os vídeos com câmaras escondidas são em grande parte feitos por homens que registam secretamente mulheres em escolas, casas de banho e outros lugares, embora o termo também possa ser aplicado a imagens clandestinas de sexo consensual.
O veredito desta sexta-feira ocorreu poucos dias depois da morte de Goo Hara, uma ex-integrante do grupo Kara, num alegado suicídio, depois de ter sido chantageada por "pornografia de vingança" - vídeos de sexo privados feitos com ou sem consentimento e partilhados sem a permissão.
O ex-namorado de Goo ameaçou no ano passado "acabar com a sua carreira no entretenimento" e divulgou imagens dos dois a ter relações sexuais, depois de se terem separado. O homem acabou por ser condenado por chantagem.
Na Coreia do Sul, de cultura tendencialmente conservadora, as mulheres que aparecem nos vídeos manifestam sentir profunda vergonha e enfrentam ameaças de ostracização e isolamento social.
Cerca de 5.500 pessoas foram presas por crimes do tipo "molka" no ano passado, 97% delas homens, segundo dados da polícia.
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