Criadas inicialmente pela jovem ativista sueca Greta Thunberg, que iniciou sozinha uma greve às aulas às sextas-feiras exigindo medidas para combater as alterações climáticas, as greves climáticas estudantis acontecem agora no mundo inteiro e em Portugal a iniciativa de sexta-feira é já a sexta do género, esta pela primeira vez chamada não de greve, mas “mobilização climática”.
Na base está o mesmo apelo, do movimento “Friday´s for Future” criado por Greta Thunberg, que em Portugal teve eco no movimento Salvar o Clima, uma plataforma que junta várias organizações.
E na base está também a mesma mensagem, que se pode resumir na exigência de que seja “a vida o centro da economia”.
“O foco tem de ser a vida no centro da economia em vez do lucro”, disse à Lusa a ativista portuguesa Bianca de Castro, que faz parte do movimento “Friday´s for Future”.
Bianca de Castro explicou à Lusa que devido à atual situação de pandemia, que faz com que as ações a nível mundial não coincidam, se decidiu não chamar “greve”, porque não se apela aos alunos para que faltem às aulas, mas sim “mobilização”, com iniciativas que podem ser manifestações físicas mas também protestos “digitais”, estes agendados nomeadamente para o Algarve e Caldas da Rainha.
Em Lisboa está prevista para a tarde de sexta-feira uma concentração e desfile, que termina com música, teatro e mensagens políticas. Iniciativas idênticas estão previstas para Aveiro, Coimbra, Évora e Porto, entre várias outras.
Com o foco não apenas nos jovens, mas em toda a sociedade civil, a mensagem principal das iniciativas é a de apontar as “fragilidades do sistema” que levaram a uma crise climática mas também social, económica e de saúde pública, explicou a jovem ativista.
E acrescentou que as mensagens passam também por exigir a requalificação de trabalhadores e a criação de “empregos públicos justos”.
Bianca de Castro não espera grandes manifestações como no passado, nem elas são desejáveis no atual contexto de pandemia de covid-19, mas diz que as iniciativas valem pelas mensagens políticas que carregam.
“Continua a não se verificar uma resposta suficientemente ambiciosa face à ameaça iminente da crise climática. A profunda crise climática não desacelera e as ondas de choque da covid-19 agravam os impactos desta, expondo as fragilidades deste sistema e deixando milhares à beira do desemprego, da precariedade e da pobreza", diziam já os jovens no mês passado, quando anunciaram a jornada de protesto.
Quando pediam, como continuam a pedir, "uma transição energética justa", que reconfigure os meios de produção baseados em combustíveis fósseis e garanta soberania energética e "democracia produtiva", com empregos dignos.
Além dos jovens reunidos no movimento “Friday´s for Future” estão empenhadas nas iniciativas de sexta-feira outras organizações pela justiça climática, feministas, antifascistas, antirracistas e estudantis.
Todas a exigir a construção “de uma sociedade justa para todas e todos, que se adapte aos efeitos das alterações climáticas e que mude o seu paradigma de modo a evitar o caos climático”, como explicam os jovens num comunicado, no qual apelam ao empenho de estudantes mas também de organizações não governamentais, coletivos, associações, sindicatos, e todos os cidadãos.
A data da próxima iniciativa está já a ser debatida pelo movimento “Friday´s for Future”.
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