Um estudo da International Marine Litter Research Unit da Universidade de Plymouth descobriu que os sacos biodegradáveis estão perfeitamente funcionais ao fim de três anos, mesmo depois de expostos a elementos naturais.

Os investigadores compararam sacos orgânicos, sacos biodegradáveis e sacos convencionais, expondo-os ao ar, a terra e a um ambiente marinho, condições a que poderiam estar sujeitos quando colocados no lixo.

Depois de nove meses expostos ao ar, os três materiais desintegraram-se em fragmentos.

No entanto, os sacos biodegradáveis — tal como os sacos de plástico convencionais — expostos a terra e a um ambiente marinho estavam perfeitamente funcionais ao fim de três anos. Ou seja, caso precisasse deles para transportar compras poderia utilizá-los sem que se rasgassem.

O saco orgânico, por seu turno, desapareceu completamente ao fim de três meses num ambiente marinho, tendo todavia aguentado 27 meses — com alguns sinais de deterioração — no solo. Quando testado revelou-se incapaz de transportar bens sem romper.

Segundo os investigadores, as conclusões do estudo levantam várias questões, sendo a mais pertinente a de se perceber se os sacos biodegradáveis têm um grau de degradação aceitável para serem uma alternativa efetivamente ecológica para os plásticos tradicionais.

“Quando vemos algo catalogado como biodegradável, assumimos automaticamente que se irá degradar mais depressa do que um saco convencional. Mas depois de três anos, a nossa investigação mostra que poderá não ser o caso”, nota Imogen Napper, investigador que liderou este estudo.

Richard Thompson, líder da International Marine Litter Research Unit, considera que “esta investigação levanta questões sobre aquilo que o consumidor pode esperar quando vê algo catalogado como biodegradável. Os materiais [biodegradáveis] que testámos não relevaram nenhuma vantagem no contexto marinho. Preocupa-me que estes novos materiais também apresentem desafios no que diz respeito à reciclagem. O nosso estudo enfatiza a necessidade de novos standards no que concerne materiais biodegradáveis”.

Grande parte dos sacos de plástico acabam por ser alvo de uma única utilização, acabando no lixo. Segundo este estudo da universidade de Plymouth, estima-se que cerca de 98,6 mil milhões de sacos de plástico tenham sido colocados no mercado europeu, com um acrescento anual de 100 mil milhões a cada ano.

A “guerra ao plástico” é um dos temas prementes na união Europeia. O Parlamento Europeu aprovou a 27 de março a nova lei comunitária que proibirá a venda de produtos de plástico de utilização única em todo o bloco a partir de 2021.

A diretiva estabelece também que os Estados-membros tomem medidas para alcançar uma redução quantitativa de outros produtos de plástico de utilização única, como recipientes para alimentos e copos de plástico para bebidas, incluindo as respetivas coberturas e tampas.

Os Estados-membros terão de assegurar a recolha seletiva de pelo menos 90% das garrafas de plástico até 2029 – estando prevista uma meta vinculativa de, pelo menos, 25% de plástico reciclado para as garrafas a partir de 2025 –, e em 2030 todas as garrafas de plástico terão de respeitar um objetivo de, pelo menos, 30% de material reciclado.

Os toalhetes húmidos (toalhetes pré-humedecidos para higiene pessoal e uso doméstico) terão de ostentar uma marcação na sua embalagem para informar os consumidores da presença de plástico e dos danos causados ao ambiente se não forem deitados devidamente no lixo, o mesmo sucedendo em relação aos produtos do tabaco que dispõem de filtros que contêm plástico.

Os produtos de plástico descartáveis e as artes de pesca abrangidos pela diretiva representam cerca de 70% do lixo marítimo.

O governo português, todavia, decidiu antecipar os prazos da UE sobre plásticos descartáveis e eliminar no segundo semestre de 2020 a colocação no mercado de produtos como palhinhas, talheres e pratos ou produtos oxodegradáveis como alguns sacos.

De recordar que em Portugal, os sacos de plástico começaram a ser cobrados em 2015.