31 de julho de 1959
Nasce a Euskadi Ta Askatasuna

A organização política separatista, conhecida como ETA (Euskadi Ta Askatasuna, "Pátria Basca e Liberdade" em português), foi criada em plena ditadura franquista. Nasceu da dissidência de um grupo mais radical no seio do Partido Nacionalista Basco (PNB) que defendia o separatismo total, através da luta armada, do País Basco (Euskal Herria) — que compreende as províncias de Álava, Vizcaya, Guipúzcoa, Navarra (em Espanha), Lapurdi, Baja Navarra y Zuberoa (em França).

1962
Dos pequenos atos à I Assembleia
Nos primeiros anos, a sua ação é limitada a pequenos atos, como a pintura de murais com o slogan “Gora Euskadi" (Viva o País Basco). Na sua primeira Assembleia, em 1962, que ocorreu no mosteiro beneditino de Belloc, em França, o grupo define-se como uma “organização clandestina e revolucionária” que defende a luta armada como meio para conseguir a independência do País Basco.

créditos: AFP PHOTO / Rafa RIVAS / AFP PHOTO / RAFA RIVAS

2 de agosto de 1968
O primeiro atentado de grande repercussão
A ETA leva a cabo o seu primeiro atentado planeado, o assassinato de Melitón Mananzas, chefe da polícia secreta de San Sebastián e torturador da ditadura franquista.

20 dezembro de 1973
O atentado de maior repercussão durante a ditadura
O presidente do governo espanhol Luis Carrero Blanco é assassinado, em Madrid, num atentado com explosivos quando o seu carro passava.

13 de setembro de 1974
Primeiro atentado com vítimas civis
A explosão de um artefacto explosivo no café “Rolando”, em Madrid, faz 12 mortes e dezenas de feridos.

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Anos 80
1980, um ano sangrento
Já em democracia, e depois de uma escalada das ações violentas em 1978 e 1979 (68 e 76 mortes respetivamente), o primeiro ano da década de 80 é o mais sangrento da história da organização causando a morte a 98 pessoas.

Setembro de 1985
O primeiro carro armadilhado
Explode o primeiro carro armadilhado em Madrid provocando a morte a um turista norte-americano.

19 de junho de 1987
Atentado com mais vítimas
Um carro armadilhado explodiu em frente a uma grande superficie comercial em Barcelona, o Hipercol. Este foi atentado cometido pela ETA que mais mortes provocou (21 mortos e 45 feridos)

29 de janeiro de 1988
Uma quase trégua de 60 dias
A ETA oferece ao Governo espanhol uma trégua de 60 dias com o objetivo de negociar uma saída para o conflito basco. Representantes da organização e do Governo mantêm contactos, que não dão frutos.

8 de janeiro de 1989
Conversações de Argel
A ETA declara uma trégua de duas semanas, coincidindo com o início das chamadas Conversações de Argel (entre o Governo de Madrid e a organização).

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4 de abril de 1989
Fim do cessar-fogo
Fracassam as conversações de Argel e a ETA anuncia o fim do cessar-fogo.

10 de julho de 1992
Prisão de Bidart
A ETA propõe um cessar-fogo de 60 dias, pouco depois da queda da sua cúpula em Bidart (França).

26 de abril de 1995
Alternativa Democrática
A organização apresenta a sua Alternativa Democrática com uma proposta para a pacificação do País Basco.

14 de fevereiro de 1996
Assassinato de Francisco Tomás y Valiente, ex-presidente do Tribunal Constitucional
O jurista e historiador foi assassinado na Faculdade de Direito da Universidade de Madrid, onde era professor. A sua morte desencadeou várias manifestações em todo país e junto à Universidade os estudantes pintaram as mãos de branco em protesto, ato que se converteu doravante num símbolo contra a ETA.

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10 de julho de 1997
Morte de Miguel Ángel Blanco e mobilização da opinião pública
A morte do político do PP (Partido Popular), vereador do municipio de Ermua, baleado no dia seguinte ao seu sequestro, desencadeou um sentimento de indignação na opinião pública espanhola e levou mais de seis milhões de espanhóis às ruas.

16 de setembro de 1998
Trégua indefinida e José María Aznar mostra-se disposto ao diálogo
A organização anuncia uma trégua indefinida e sem condições, que começaria dois dias depois. O Governo de José María Aznar mostra-se disposto ao diálogo: em maio de 1999 realiza-se um encontro na Suíça que não dá frutos.

18 de fevereiro de 2004
Trégua ilimitada
A um mês das eleições gerais espanholas, a organização anuncia uma trégua ilimitada no território da Catalunha.

17 de março de 2004
ETA, a prioridade de Zapatero
O primeiro-ministro eleito, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, afirma estar convencido da “grande oportunidade” para dar passos visando o fim da violência no País Basco, uma prioridade do seu mandato.

créditos: AFP PHOTO BENOIT PEYRUCQ / AFP PHOTO / BENOIT PEYRUCQ

3 de outubro de 2004
França
Detenção em França dos dois cabecilhas da ETA, que foi atingida em cheio pela segunda vez depois da captura do seu estado-maior em Bidart (França, 1992): Mikel Albizu Iriarte, “Antza”, e a sua companheira Soledad Iparraguire Genetxea, “Anboto”.

18 de junho de 2005
Fim das ações armadas
Um mês depois de o Congresso apoiar a moção do Partido Socialista espanhol para dialogar com a ETA (sem o apoio do PP), a organização anuncia o fim das suas “ações armadas” contra “os eleitos dos partidos políticos de Espanha”. Uma semana depois, a organização esclarece no seu boletim “Zutabe” que esta trégua não inclui os membros do Governo.

22 de março de 2006
Cessar fogo permanente
A ETA anuncia um cessar-fogo permanente para “impulsionar um processo democrático em Euskal Herria [País Basco]”. Um comunicado da organização marca o início desta trégua para 24 de março de 2006.

créditos: AFP PHOTO JAVIER SORIANO / AFP PHOTO / JAVIER SORIANO

30 de dezembro de 2006
Violar do cessar fogo
A ETA viola o cessar fogo com um atentado no aeroporto de Barajas, em Madrid, que custou a vida a dois jovens equatorianos. Na sequência do ataque com bomba, o governo espanhol, comandado por José Luis Zapatero, coloca um fim ao diálogo com a organização.

10 de janeiro de 2011
Cessar-fogo “permanente, geral e verificável”
Publicado pelo jornal independentista Gara, um comunicado da organização separatista basca atesta o “compromisso firme com um processo de solução definitivo e com o final da confrontação armada”. “A ETA decidiu declarar um cessar-fogo permanente e de caráter geral, que pode ser verificado pela comunidade internacional. Este é o compromisso firme da ETA com um processo de solução definitivo e com o final da confrontação armada”, anunciava a organização.

20 de outubro de 2011
ETA renunciou à luta armada
Num comunicado publicado pelos jornais espanhóis, Garra e Berria, e internacionais, BBC e The New York Times, a organização anuncia o “fim definitivo da luta armada”. Com esta "declaração histórica" a organização pretendia mostrar um "compromisso claro, firme e definitivo".

20 de julho de 2014
É detido em França o último chefe da ETA Mikel Irastorza
Mikel Irastorza foi o sétimo dirigente etarra a ser detido desde que a organização declarou o fim da luta armada. Irastorza assumiu a direção do que sobrou da ETA em 2015, depois de ter sido desmantelada aquela que seria a última cúpula da organização.

17 de março de 2017
O desarmamento sem condições
O grupo separatista anunciou que se iria desarmar completamente até 8 de abril, de forma “unilateral” e “sem condições”, transmitindo os locais onde estão escondidas todas as armas que ainda tinham.

8 de abril de 2017
ETA declara-se uma organização desarmada
A organização entregou à polícia francesa as referências de geolocalização de 12 depósitos secretos de armas situados no departamento 64 de França, nos Pirenéus Atlânticos.

1 de abril de 2018
Debate sobre dissolução “quase concluído”
A organização anunciou estar prestes a concluir o debate sobre a dissolução iniciado entre os seus membros num comunicado divulgado no jornal Gara. “O confronto durou muitas décadas e nestes últimos anos esforçámo-nos por deixar esse ciclo para trás”, escreve a organização clandestina. “Este ano é especial pelo processo de debate que está prestes a ficar concluído”, escreveu a organização no jornal por ocasião do “Aberri Eguna”, o dia que celebra a pátria basca.

19 de abril de 2018
Imprensa espanhola anuncia que dissolução está para breve
A televisão pública basca (ETB) noticiou a intenção da ETA anunciar a sua dissolução no primeiro fim de semana de maio.

20 de abril de 2018
Reconhece danos e pede desculpa às vítimas
"Causamos muita dor e danos irreparáveis, queremos mostrar o nosso respeito aos mortos, feridos e vítimas das ações da ETA. Lamentamos muito", declarou a organização, num comunicado divulgado pelos jornais espanhóis Gara e Berria. A ETA reconheceu que tem "responsabilidade direta" no sofrimento excessivo de décadas da sociedade basca, com "mortos, feridos, torturados, sequestrados ou forçados a fugir para o exterior", algo que nunca devia ter "acontecido durante tanto tempo".

créditos: AFP PHOTO / CESAR MANSO

23 de abril de 2018
Marcada conferência internacional para a paz no País Basco
Uma “conferência internacional” para uma “paz justa e duradoura” no País Basco vai decorrer a 4 de maio no sul de França, anunciou Grupo Internacional de Contacto (GIC), que negoceia há quase 60 anos o fim do conflito na região.

2 de maio de 2018
Fim do seu "ciclo histórico" e dissolução completa
Numa missiva, enviada a instituições bascas e a grupos da sociedade civil e divulgada pelo jornal ‘online’ eldiario.es, a organização transmitiu a sua decisão de “dar por terminado o seu ciclo histórico e a sua função”. A “ETA dissolveu completamente todas as suas estruturas e terminou a sua iniciativa política”, refere a carta datada de 16 de abril, citada na agência noticiosa espanhola EFE.

Encontro em Cambo-Les-Bains, França. créditos: EPA/JUAN HERRERO

3 de maio de 2018
ETA oficializa dissolução e põe fim a toda a atividade política
“A ETA desmantelou o conjunto das suas estruturas. A ETA declara que põe fim a toda a atividade política”, afirma a organização numa “declaração final” publicada no jornal Berria e no portal da internet Naiz.info. O grupo assegura nesse texto que “não será mais um agente que manifeste posições políticas, promova iniciativas ou interpele outros atores” e faz acompanhar essa declaração com um vídeo em que se ouve a voz de uma série de históricos da organização.

4 de maio de 2018
Um fim a três tempos
Depois de duas comunicações — primeiro a instituições e depois à imprensa — uma conferência em Cambo-les-Bains (sudoeste de França) é o ponto final da ETA, num encontro onde o Governo espanhol não marcou presença. No mesmo dia, em Madrid, o primeiro-ministro Mariano Rajoy, cujo Governo se recusou a negociar com o grupo basco tem uma mensagem: todos os crimes “vão continuar a ser investigados” e “serão julgados".

Mariano Rajoy faz declaração oficial na sequência da dissolução da ETA. créditos: EPA/ANGEL DIAZ

“Hoje não é um dia para comemorar é um dia para recordar” todas as vítimas da ETA, realçou Mariano Rajoy numa declaração oficial transmitida em direto a partir da sede do Governo espanhol, o Palácio da Moncloa. A ETA desaparece, mas os seus crimes vão continuar a ser investigados” e as condenações “serão executadas”, assegurou o chefe do Governo espanhol, acrescentando que “não haverá impunidade”. Rajoy convidou toda a sociedade a recordar todas e cada uma das 853 vítimas mortais da ETA, pessoas “únicas e irrepetíveis”, que tinham uma vida que lhes foi “arrebatada”. Todos eles “foram assassinados injustamente e cruelmente” e merecem um dia para ser recordados, insistiu Rajoy, acrescentando que o mesmo acontece também com quem “sobreviveu” às ações da ETA.