Vários órgãos de comunicação social franceses e espanhóis citam que a informação foi dada por “fontes da luta antiterrorista” que não afastaram totalmente a possibilidade de a organização basca ainda ter depósitos de armas escondidos.
A ETA anunciou em fevereiro que iria proceder hoje ao seu desarmamento “total e sem condições” e organiza em Bayonne, cidade francesa na fronteira com Espanha, várias ações para assinalar esse desarmamento.
As cerimónias começam às 10h30 (09h30 em Lisboa) com a projeção no cinema Atlanta da curta-metragem “A paz agora, uma exigência popular”, do realizador Thomas Lacoste, que aborda o processo de desarmamento da ETA através do grupo Louhossoa, os autodenominados “artesãos da paz”.
Depois da estreia do filme, terá lugar na mesma sala um colóquio com Thomas Lacoste, o professor de Direito Jean-Pierre Massias e o juiz e membro do comité de Direitos Humanos das Nações Unidas Louis Joinet.
Às 12h00 (11h00 em Lisboa) haverá uma mesa redonda numa tenda instalada junto à esplanada Roland Barthes com a participação do ex-conselheiro basco e atual porta-voz da organização a favor dos presos da ETA Sare, Joseba Azkarraga, a antropóloga membro do Foro Social permanente Aitzpea Leizaola e o ex-juiz e assessor das Nações Unidas Philippe Texier.
Finalmente, às 15h00 locais (14h00 em Lisboa) está prevista a realização de uma “grande concentração” de cidadãos.
Os governos espanhol e francês olham para esta cerimónia com desconfiança, recusando contribuir para branquear o passado da ETA, que acusam de ter morto mais de 800 pessoas.
O executivo de Madrid declarou na sexta-feira que “não espera nada” da cerimónia para assinalar o desarmamento da ETA, assegurando que a organização separatista basca “não terá nenhum benefício político”.
O porta-voz do executivo espanhol sublinhou que a ETA deve “desarmar-se, dissolver-se, pedir perdão [pelos mortos] e ajudar a clarificar os crimes que não estão clarificados”.
A organização foi criada em 1959, durante a época da ditadura franquista, renunciou à luta armada em 2011, depois de mais de 40 anos de atos de violência em nome da independência do País Basco e de Navarra.
A ETA, organização considerada “terrorista” pela União Europeia, recusava até agora o seu desarmamento e a sua dissolução, pedidas por Madrid e Paris, exigindo o início de negociações para libertar os seus membros presos (cerca de 360, dos quais 75 em França).
(Notícia atualizada às 11h38: Fontes da luta antiterrorista tinham indicado no início do dia que a ETA tinha entregado à polícia francesa as referências de geolocalização de 12 depósitos secretos de armas que agora, segundo o ministro francês da Administração Interna, Matthias Fekl, passaram a ser oito)
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