“Não estou aqui hoje porque quero, estou aterrorizada. Estou aqui porque sinto que é o meu dever cívico contar-vos o que aconteceu comigo quando Brett Kavanaugh e eu frequentávamos o secundário”, declarou Christine Blasey Ford, atualmente uma professora universitária de 51 anos, diante dos senadores do Comité Judicial do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano).

Este comité é responsável pela avaliação e confirmação do candidato proposto pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para ocupar um lugar no Supremo Tribunal.

Christine Blasey Ford acusa Brett Kavanaugh de tentar violá-la durante uma festa em 1982, quando ambos frequentavam o ensino secundário.

Kavanaugh nega categoricamente tais alegações.

“Acreditei que ele ia violar-me”, declarou a professora universitária, num tom emocional, segundo descreveram as agências internacionais.

Ford garantiu que não se tratou de um caso de engano de identidade e que era sua responsabilidade contar a verdade.

Diante dos senadores, e numa audiência pública e com direito a transmissão televisiva, Christine Blasey Ford declarou que a agressão está gravada na sua memória e que a tem perseguido ao longo dos anos.

A professora universitária relatou que Kavanaugh, juntamente com outros rapazes, a empurrou para um quarto numa casa durante uma festa.

Na altura, o agora juiz empurrou-a para a cama, apalpou-a e tentou retirar-lhe a roupa. Quanto ela tentou gritar, ele tapou-lhe a boca com a mão.

Brett Kavanaugh será também hoje ouvido pelo Comité Judicial.

O início da audiência de Christine Blasey Ford foi marcado pela intervenção do presidente do Comité Judicial do Senado, o republicano Chuck Grassley, que destacou que tanto a professora universitária como Brett Kavanaugh, e as respetivas famílias, têm vivido “semanas terríveis” e enfrentado “ameaças desprezíveis”.

O senador prometeu que a audiência de hoje será pautada por uma atmosfera “segura, confortável e digna”.

Em outra intervenção inicial, a senadora californiana Dianne Feinstein, líder da minoria democrata no Comité Judicial, declarou que as acusações contra Kavanaugh levantam “verdadeiras questões de caráter”.

A par de Christine Blasey Ford, pelo menos outras duas mulheres acusaram, até ao momento, Brett Kavanaugh de má conduta sexual.

Em reação, Trump saiu em defesa do juiz Kavanaugh e afirmou que as acusações são “falsas”.