O Departamento de Estado norte-americano diz que 50 detidos são enforcados diariamente na prisão militar de Saydnaya, instalação a cerca de 45 minutos de Damasco, e que um crematório tem sido usado para esconder as provas da matança.

Para provar as suas afirmações, o Departamento de Estado norte-americano divulgou fotografias – até agora classificadas – que mostram um edifício no complexo prisional. A diplomacia norte-americana afirma que esse edifício foi modificado para albergar estruturas de apoio ao crematório.

O diplomata norte-americano Stu Jones, o mais importante da hierarquia para o Médio Oriente, apresentou as fotografias e considerou que o Presidente sírio, Bashar al Assad, “desceu a um novo nível de degradação”, com o apoio da Rússia e do Irão.

Em fevereiro, a Amnistia Internacional acusou o governo sírio de ter praticado “uma campanha calculada de execuções extra-judiciais” entre 2011 e 2015, na mesma prisão de Saydnaya, que terá resultado na morte de 13 mil pessoas, na sua maioria civis.

“Entre 2011 e 2015, todas as semanas e muitas vezes duas vezes por semana, grupos de até 50 pessoas eram levadas das suas celas prisionais e enforcadas. Em cinco anos, até 13 mil pessoas, a maioria deles civis considerados opositores do governo, foram enforcadas em segredo em Saydnaya”, indica o relatório da Amnistia Internacional com o título “Matadouro Humano: Enforcamentos e extermínio em massa na Prisão de Saydnaya, Síria”.

A Amnistia Internacional fala mesmo em “políticas de extermínio” e considera que “estas práticas, que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, são autorizadas aos mais altos níveis do governo sírio”.

“Os horrores descritos neste relatório revelam uma campanha escondida e monstruosa, autorizada ao mais alto nível do governo sírio, que visa esmagar qualquer forma de discordância na população síria”, declarou na altura Lynn Maalouf, diretor-adjunto de Investigação no gabinete da Amnistia Internacional de Beirute (Líbano).

“Há razões fortes para acreditar que esta rotina [de enforcamentos extrajudiciais] ainda continua hoje”, referiu ainda a AI.