"Isto encerra o processo legal que envolve Larry Nassar. Entendo que isto não coloca ponto final no sofrimento físico e emocional que ele causou", disse a juíza Janice Cunningham após a leitura das condenações.

Nassar foi condenado por abusos sexuais contra sete jovens mulheres no centro de treinos de alto rendimento de Twistars, em Michigan.

A condenação é sobretudo simbólica já que antes destas penas o homem terá de passar 60 anos numa prisão federal por crimes relacionados com pornografia infantil. A isto acrescentam-se os entre 40 a 175 anos a que Nassar foi condenado no mês passado por crimes da mesma natureza num outro município. Pena que cumprirá em simultâneo com aquela a que foi condenado esta semana.

Citado pela Associated Press, numa breve declaração antes da sentença, Nassar tentou pedir desculpa às vítimas: “É impossível transmitir a dimensão e profundidade das minhas desculpas a cada uma das vítimas”, disse o antigo médico.

Nassar trabalhou para as equipas de ginástica da universidade do Michigan e para a USA Gymnastics, o órgão que regula a prática no país e prepara os atletas para os Jogos Olímpicos na modalidade.

Mais de 260 mulheres dizem ter sido vítimas. Os casos mais antigos remontam aos anos 1990. A juíza responsável pelo caso diz que os abusos “abrangem o país [EUA] e o mundo”.

Esta sexta-feira, o pai de três das vítimas tentou atacar Nassar, tendo sido derrubado pelas autoridades. Randy Margraves apelou a que lhe fosse dado um minuto numa sala fechada com o “demónio” que terá abusado da filha. À imprensa, o homem reconheceu ter perdido o controlo, mas diz ter-se recomposto enquanto estava na cela. “Esta não pode ser uma sociedade sem leis”, disse, citado pela imprensa norte-americana.

A maioria das vítimas que quis falar em público ou enviar declarações escritas fê-lo durante as audiências que se prolongaram por sete dias. Entre elas estão as atletas Ali Raisman, Jordyn Weber e McKayla Maroney, que fizeram parte da comitiva norte-americana nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

Este escândalo tem abalado a universidade do Michigan, quem tem sido acusada de não ter feito tudo o que estava ao seu alcance para travar Nassar, que tinha um gabinete no campus e era visto como uma autoridade na medicina do desporto.

A presidente da instituição, Lou Anna Simon, demitiu-se a 24 de janeiro e o diretor atlético Mark Hollis fez o mesmo dois dias depois.

Na equipa nacional também houve baixas. Em março do ano passado, Steve Penny, que esteve à frente da equipa durante bastante tempo, demitiu-se do cargo. Todos os membros do quadro saíram também recentemente a pedido do comité Olímpico Norte-Americano. Uma empresa de advogados está a investigar a atuação do Comité Olímpico Norte-Americano no caso, para perceber de que forma o órgão agiu quando soube de alegações contra Nassar.

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