Em declarações aos jornalistas, o vice-secretário de Estado Adjunto norte-americano, John McCarrick, explicava as razões do interesse de Washington em fazer de Portugal um 'hub' de destino e distribuição do GNL produzido nos Estados Unidos, salientando, porém, que, para tal, será necessário haver infraestruturas adequadas.

“O que pretendemos é apresentar opções aos nossos aliados europeus sobre recursos energéticos. Qualquer ideia de que queremos reduzir as exportações russas (para a Europa) está errada. Queremos competição nos mercados e evitar que os europeus paguem quantias exorbitantes apenas porque o gás russo é o único existente”, sublinhou McCarrick.

Para o Governante norte-americano, Portugal será uma “porta natural e lógica” de entrada das exportações energéticas dos Estados Unidos na Europa, salientando que poderá estender-se a portos de Espanha.

“A ideia dos EUA é expandir os mercados e isso passa por tentar assistir os portugueses e expandir a forma como o gás natural pode ser consumido na Europa. A componente marítima é uma variável muito importante em função disso”, referiu.

A conferência de imprensa de McCarrick surge um dia depois de Portugal e os Estados Unidos terem assinado terça-feira uma declaração de intenções, visando promover o GNL marítimo.

Numa nota conjunta enviada à comunicação social, depois de um encontro entre a ministra do Mar portuguesa, Ana Paula Vitorino, e McCarrick, os dois países sublinham a “importância estratégica do Porto de Sines” como 'hub' (centro de abastecimento) de GNL atlântico como “fator de reforço da segurança energética europeia”.

Em 2016, o Porto de Sines recebeu a primeira carga de GNL para a Europa e, a partir daí, continuou a ser o principal destino europeu para o gás natural liquefeito dos Estados Unidos.

“As exportações de GNL dos Estados Unidos contribuem para a criação de empregos no setor energético, para diminuir os preços, ajudam a reforçar a segurança energética europeia e reduzem as emissões do setor”, acrescentou, por outro, o Ministério do Mar.

Já hoje de manhã, à margem de uma cimeira natural sobre GNL, Ana Paula Vitorino reafirmou a intenção do Governo de tornar o porto de Sines como uma das mais importantes portas de entrada de gás natural liquefeito na Europa, aproveitando a localização geoestratégica de Portugal, palavras que, pouco depois, seriam repetidas aos jornalistas pelo próprio McCarrick.

“Vemos o papel de Portugal como muito importante para a segurança global na Europa, não apenas com potencial para as questões da economia azul – seja abastecer navios, etc -, mas também como um potencial 'hub' para trazer GNL para a Europa, e potencialmente poder-se construir pipelines em França para conectar portos na Península Ibérica com o resto da Europa”, esclareceu o governante norte-americano.

“A ideia é ter mercados abertos e transparentes”, insistiu McCarrick, salientando que pretende “facilitar” encontros entre os responsáveis do porto de Sines com “potenciais investidores” norte-americanos e que Lisboa mostrou também essa vontade.

“A ministra do Mar (portuguesa) é uma pessoa muito dinâmica e disse que não queria falar, mas agir. Esperemos que esses encontros aconteçam”, acrescentou.