Manchin, o político mais conservador na ala democrata do Senado, disse ao canal Fox News que não pode “votar para que prossiga esta legislação”, apesar de ter “tentado tudo o humanamente possível” para que fosse aprovado.

“[O Presidente Biden] conhece as preocupações e os problemas que tive”, indicou Manchin, que desde o princípio se mostrou muito cético com esta medida da Casa Branca, ao considerar que vai disparar a despesa pública e aumentar uma inflação já muito elevada.

Este pacote, no montante de 1,75 biliões (milhão de milhões) de dólares (1,55 biliões de euros), prevê, entre outros pontos, apoios à família e financiamentos copiosos para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas tem estado bloqueado no Congresso desde há meses.

Apenas uma horas após ter sido conhecida a decisão do senador, a secretária de imprensa do Governo norte-americano, Jen Psaki, emitiu um duro comunicado contra Manchin, ao acusá-lo de quebrar “o seu compromisso com o Presidente e com os seus colegas da Câmara dos representantes e no Senado”.

“Os seus comentários representam um retrocesso repentino e inexplicável da sua posição”, apontou Psaki, ao assegurar que o senador tinha prometido a Biden durante uma visita à sua casa em Delaware o apoio ao plano social e que se comprometeu “várias vezes” a negociar os últimos detalhes.

O plano de Biden, aprovado à justa pela Câmara dos representantes numa votação em novembro, representa um histórico aumento da despesa pública — já foi comparado com o “New Deal” do ex-Presidente Franklin Delano Roosevelt na década de 1930 –, em particular nas áreas da saúde, pobreza infantil e combate às alterações climáticas.

O voto de Manchin, que apesar de filiado no Partido Democrata representa a Virgínia Ocidental, um dos estados mais conservadores do país, é imprescindível para garantir a aprovação da legislação pelo Senado, dividido em 50% entre democratas e republicanos.

Os democratas pretendiam aprovar o plano sem a necessidade de apoios republicanos — todos os senadores conservadores se manifestaram contra — através de um processo conhecido como “reconciliação”, que permite a aprovação de uma lei orçamental na Câmara alta (Senado) por maioria simples, ao contrário dos 60 votos que normalmente são expressos nas votações.