“O natural é que haja uma rotatividade no Parlamento, mas não tenho dúvidas de que isso vai provocar alguma instabilidade a nível do Conselho e portanto, quando chegar a altura, lá para o fim do primeiro semestre, essa questão vai-se pôr de uma forma candente”, disse Paulo Rangel, contactado telefonicamente pela Lusa sobre o anúncio da saída do atual presidente do PE, o socialista Martin Schulz.
Um acordo concluído em 2014 entre os dois principais grupos políticos do PE determina uma alternância entre o centro-esquerda e o centro-direita nas lideranças das instituições europeias.
Com o anúncio da saída de Martin Schulz, o sucessor deveria sair do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita), mas, argumentam os socialistas, uma tal solução colocaria o PPE na frente das três grandes instituições europeias: PE, Comissão (Jean-Claude Juncker) e Conselho (Donald Tusk).
“A minha convicção é que nunca ficarão as três instituições na mão de um só. Se o Parlamento eleger um presidente do PPE com certeza terá de haver mudanças na presidência do Conselho. Acho que isso vai acabar por acontecer mesmo que se ache que não vai acontecer”, afirmou Paulo Rangel.
Para o eurodeputado, “as pessoas vêm com o papão do PPE”, mas “quem manda na política europeia é o partido socialista”, a que pertence a maioria dos primeiros-ministros da União Europeia (UE) e, consequentemente, a maioria dos membros do Conselho Europeu.
Paulo Rangel, que é vice-presidente do PPE, considera “totalmente improvável” candidatar-se à presidência do Parlamento, frisando que depois de um português - Durão Barroso - ter liderado a Comissão durante dez anos e outro – António Guterres - ser escolhido para secretário-geral da ONU, “Portugal tem a sua quota muito bem preenchida”.
Sobre Martin Schulz, que hoje anunciou o abandono da política europeia para se candidatar às legislativas de 2017 na Alemanha, Paulo Rangel elogia o mandato à frente do PE.
“Não há dúvida de que conseguiu dar uma visibilidade, uma notoriedade e um peso político ao PE que ele não tinha antes. E portanto acho que esse é um tributo que tem de ser feito. Foi um presidente francamente bom para o PE”, disse.
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