Numa missiva endereçada aos membros do Congresso norte-americano, a delegação do Parlamento Europeu (PE) para as relações com os Estados Unidos expressa apreensão pela “abordagem progressivamente prejudicial” da Casa Branca às relações transatlânticas, nomeadamente pelas palavras dirigidas à Europa pelo presidente, Donald Trump, pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, e pelo embaixador dos Estados Unidos na União Europeia (UE).
“Tacham a UE de burocrática, não escondem a predileção por estabelecer contactos bilaterais com os governos dos Estados-membros, e elogiam movimentos populistas e nacionalistas”, denuncia a carta.
A delegação para as relações com os Estados Unidos define ainda como “desenvolvimento surpreendente” a decisão de Washington de reduzir o estatuto da representação europeia nos EUA do nível de “Estado” para o de “Organização Internacional”.
“Esta não é a forma de tratar parceiros, especialmente tendo em conta que nem a Alta Representante [Federica Mogherini], nem o embaixador da UE foram formalmente notificados desta alteração, como seria expectável ao abrigo das práticas diplomáticas habituais”, alerta.
A UE é uma organização internacional, mas desde 2016 tinha protocolarmente o mesmo estatuto de um Estado-membro nos Estados Unidos e o chefe da representação o estatuto de embaixador.
A representação da UE em Washington estranhou não receber convites para alguns eventos no final do ano e, no funeral do ex-presidente George Bush, realizado em 5 de dezembro, o embaixador da UE, David O’Sullivan, não foi chamado na ordem protocolar de antiguidade, mas em último lugar.
O’Sullivan é embaixador em Washington desde 2014, pelo que, segundo aquela ordem, seria chamado entre os primeiros 20 a 30 embaixadores, de entre os mais de 150 acreditados na capital dos Estados Unidos.
“Tal opção favorece os poderes globais rivais e poderá apenas conduzir a uma maior fragmentação, em detrimento do necessário reforço da cooperação. Juntos poderemos enfrentar os crescentes desafios transfronteiriços, desde as alterações climáticas, as desigualdades económicas, a digitalização e o terrorismo global. Para sermos bem-sucedidos, temos de fortalecer-nos e não enfraquecer-nos mutuamente”, considera.
A delegação do PE para as relações com os Estados Unidos termina a missiva transmitindo aos membros do Congresso o desejo de construir uma relação transatlântica que há muito “estimam” e que esperam ser “modernizada” para um futuro “melhor e partilhado”.
As relações entre a UE e os Estados Unidos estão sob tensão desde que, em 2018, Washington anunciou a imposição de tarifas aduaneiras às importações de aço e alumínio.
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