António Costa falava aos jornalistas no final do primeiro de dois dias da 13.ª Cimeira Luso-Marroquina, que se realiza em Rabat, depois de questionado sobre os motivos e as consequências para Portugal resultantes da eleição de Mário Centeno para o cargo de presidente do Eurogrupo.
"Dá-me particular prazer [a eleição de Mário Centeno]. Nos últimos dias pude rever peças de alguns comentadores e de alguns jornalistas que sublinhavam aspetos nem sempre felizes - todos temos momentos menos felizes na nossa vida - e ver agora o ministro das Finanças presidente do Eurogrupo isso dá-me particular prazer, não posso dizer que não", declarou António Costa.
Para o primeiro-ministro, a eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo "coloca Portugal numa posição estratégica para a reforma da zona euro, desempenhando um papel que sabe fazer bem: Construtor de consensos, de maiorias e de soluções que procurem unir todos".
"O facto de termos a presidência do Eurogrupo é importante em primeiro lugar do ponto de vista simbólico, porque Portugal veio de uma situação em que esteve sob Procedimento por Défice Excessivo e sob a ameaça de sanções. Muitos achavam que com esta maioria parlamentar estava em risco a credibilidade externa do Estado Português e que o novo Governo assustaria os investidores e as agências de rating", referiu o líder do executivo.
Os resultados verificados, porém, de acordo com António Costa, contrariaram essa perspetiva.
"Temos tido o maior aumento do investimento privado dos últimos 18 anos, as agências de rating estão a rever em alta a sua avaliação de Portugal, as taxas de juro estão a baixar e tivemos o défice mais baixo da democracia portuguesa. Conseguimos estes resultados ao mesmo tempo em que houve melhoria de rendimento das famílias, com a maior redução das desigualdades", disse.
Ora, segundo António Costa, "sem bons resultados, seguramente, o presidente do Eurogrupo não seria o ministro das Finanças de Portugal".
"Só temos razões para estar satisfeitos, tal como ficámos quando António Guterres foi eleito secretário-geral das Nações Unidas, Durão Barroso presidente da Comissão Europeia, quando uma equipa portuguesa ganha uma prova internacional, ou um atleta português triunfa, ou, ainda, quando há 20 anos José Saramago recebeu um prémio Nobel da Literatura. Há limites para a autoflagelação. Há momentos em que devemos ficar contentes, porque é uma boa notícia", disse.
Na eleição do presidente do Eurogrupo, Mário Centeno foi o mais votado na primeira volta (oito votos), após a qual saíram da "corrida" a letã Dana Reizniece-Ozola e o eslovaco Peter Kazimir, tendo o ministro português derrotado o candidato luxemburguês Pierre Gramegna na segunda volta da votação.
Centeno torna-se assim o terceiro presidente da história do fórum de ministros das Finanças da zona euro, depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker e do holandês Jeroen Dijsselbloem.
Mário Centeno iniciará funções como presidente do Eurogrupo em meados de janeiro, tendo pela frente um mandato de dois anos e meio, até meados de 2020.
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